O mercado de Tecnologia e Inovação (TI) está atualmente entre um dos mais aquecidos do mundo, mas vem enfrentando uma crise de demanda de mão-de-obra qualificada, que ameaça provocar um “apagão” no setor. O problema aparece com mais força no Brasil, onde existe uma demanda projetada de 159 mil de novos talentos da área de tecnologia a cada ano, até 2025. Os dados são de um estudo divulgado em dezembro do ano passado pela Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) e de Tecnologias Digitais (Brasscom).
Ainda de acordo com a entidade, as instituições de ensino do Brasil ainda conseguem formar uma média de 53 mil profissionais de TI por ano, o que não tem sido suficiente para dar conta desta demanda. O apelo é principalmente por mão-de-obra qualificada, considerada apta para acompanhar a evolução tecnológica e as demandas de serviços do setor, sobretudo em cargos como analista, programador e engenheiro de software.
“Como a área de TI está cada vez mais presente em diversas áreas das empresas, tais como gestão, finanças, estratégia, por exemplo, esta carência de profissionais capacitados em TI tem um impacto no mercado como um todo”, afirma o professor Ricardo Azevedo Porto, dos cursos de Ciência da Computação, Sistemas de Informação e Análise e Desenvolvimento de Sistemas da Universidade Tiradentes (Unit Sergipe).
Boa parte das empresas tem recorrido a profissionais de áreas correlatas, como Ciências, Engenharia e Matemática, que são atraídas para o setor através de uma estratégia de adaptação e identificação de afinidades profissionais. “A falta de mão de obra qualificada faz com que muitas empresas contratem profissionais de TI antes mesmo da conclusão da graduação, fato este que implica investimento em treinamento e capacitação dos mesmos”, acrescenta Ricardo.
O estudo da Brasscom mostra ainda que, ainda no ano de 2021, o setor de TIC e de serviços de alto valor agregado teve uma geração de mais de 154,2 mil empregos em todo o país, oferecendo uma remuneração média de R$ 5.784, 3,2 vezes superior ao salário médio nacional de R$ 1.809 – e em alguns cargos, o salário de um profissional em início de carreira pode chegar a até R$ 7,5 mil.
Com a aceleração dos programas e estratégias de transformação digital das empresas, desdobrada por força da pandemia da Covid-19, parte considerável dessas vagas são adeptas do trabalho remoto, isto é, admitindo profissionais que moram em uma cidade e trabalham para outra, através da internet. Para o professor, essa possibilidade “acarretou a perda de muitos profissionais qualificados em TI de empresas em Sergipe para empresas de outros estados, aumentando a carência local”. Um cenário que se repete em outras regiões do país nas quais o mercado de TI é menos aquecido.
Formação de profissionais
Neste sentido, as universidades vêm se esforçando para formar novos profissionais para o setor de TI, com a melhor qualificação possível e dentro do tempo adequado. Um primeiro passo nesse sentido é atrair e incentivar estudantes do ensino médio, despertando neles o interesse de trabalhar com tecnologia. E nas universidades, isso passa pela reformulação curricular dos cursos, além da proximidade com empresas e entidades representativas do setor.
“No caso específico da Unit, além de procurar sempre adequar os currículos à demanda do mercado, a instituição busca parcerias com grandes empresas de tecnologia. Recentemente firmou uma parceria com o Porto Digital de Recife, um dos principais parques tecnológicos do Brasil, para atuar junto aos cursos de Computação com o objetivo de promover o conceito de Residência de Software, permitindo uma maior integração universidade/estudante/empresa”, cita o professor Azevedo.
O próprio Porto Digital também mantém uma parceria com o Centro Universitário Tiradentes (Unit Pernambuco), através da qual viabilizou a criação do curso de Ciências da Computação e de quatro cursos de pós-graduação na área de ADS (Análise e Desenvolvimento de Sistemas), além do projeto “Embarque Digital”, com apoio da Prefeitura do Recife, que está formando 75 jovens de escolas públicas para atuar na área de TI.
Asscom | Grupo Tiradentes