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Conheça o Eurovision, um festival que integra o mundo inteiro

Reunindo artistas de 37 países, o evento é um dos mais tradicionais da televisão europeia e vem ganhando mais popularidade em outros países, incluindo o Brasil

às 17h48
O Eurovision é um festival musical que escolhe a melhor música entre representantes de 37 países da Europa, além de Israel e Austrália (Corinne Cumming/EBU)
O Eurovision é um festival musical que escolhe a melhor música entre representantes de 37 países da Europa, além de Israel e Austrália (Corinne Cumming/EBU)
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Os acordes do Te Deum, música erudita composta pelo francês Marc-Antoine Charpentier (1643-1704), anunciam todos os anos uma competição musical que pode ser comparada à Eurocopa ou mesmo à Copa do Mundo. Trata-se do Eurovision Song Contest (Festival Eurovisão da Canção), um dos mais tradicionais festivais de música do mundo, com a participação de quase todos os países da União Europeia, além de Israel e Austrália. A edição deste ano acontece em Liverpool (Reino Unido) e terá sua grande final neste sábado, 13, transmitida para mais de 100 países e com audiência estimada em mais de 180 milhões de pessoas. 

Realizado desde 1956 pela União Europeia de Radiodifusão (EBU/UER), entidade que reúne emissoras públicas de rádio e TV de 56 países, o Eurovision foi inspirado no famoso Festival de San Remo, na Itália, e criado como forma de integrar uma Europa que ainda tentava curar as feridas da Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Desde então, cada país indica uma música representante, que pode ser feita em sua língua nacional ou em inglês. Seus intérpretes se apresentam em um grande show transmitido pela rede de televisão da UER e submetem-se à avaliação dos júris nacionais dos outros países, chegando-se a um vencedor cujo país ganha o direito de sediar e organizar o festival do ano seguinte. 

Inicialmente, eram sete países participantes: Alemanha, Bélgica, França, Luxemburgo, Itália, Países Baixos (Holanda) e Suíça. Ao longo dos anos, outros países foram se agregando ao Eurovision, que foi mudando suas regras à medida que crescia. Desde 1975, o certame adotou uma escala de pontos (de 1 a 12) que cada júri nacional passou a atribuir a cada música. E desde 2004, passou a ser computado o chamado televoto, que reúne a soma dos votos dados pelos telespectadores, através do telefone e dos aplicativos oficiais, atribuindo a mesma escala de 1 a 12 pontos. Quem tiver o maior número de pontos, vence.

Pelo menos 52 países da Europa e de fora dela já participaram pelo menos uma vez do festival, além dos atuais 37. Um deles, a Rússia, foi excluída do Eurovision em 2022, como boicote em razão da invasão na Ucrânia, ocorrida no início do ano. E foi justamente a Ucrânia quem ganhou o Eurovision 2022, em Turim (Itália), com a maioria dos televotos para a música Stefania, da banda Kalush Orchestra. O governo do país até tentou organizar o evento na capital, Kiev, ou em Mariupol, cidade tomada pelos russos e recuperada pelos ucranianos. Mas a UER vetou a ideia, alegando questões de segurança relacionadas à guerra, e decidiu levar o evento para Liverpool, já que o Reino Unido foi vice-campeão da edição passada. A organização, no entanto, é uma parceria das televisões públicas ucraniana (Suspilne) e britânica (BBC). 

Muitos artistas que disputaram o Eurovision ganharam destaque no cenário mundial da música. Deles, destacam-se o espanhol Julio Iglesias (4º lugar em 1970), o grupo sueco ABBA (campeão de 1974 com o sucesso Waterloo), a canadense Celine Dion (venceu em 1988 representando a Suíça) e a banda italiana Måneskin (ganhadora de 2021 com o rock Zitti i Buoni). Outras músicas, além de Waterloo, ficaram bastante conhecidas, como Nel blu dipinto di blu (Volare), do italiano Domenico Modugno (3º lugar em 1958), Non ho l’età, da também italiana Gigliola Cinquetti (vencedora em 1964), La-la-la, da espanhola Massiel (ganhadora em 1968), Euphoria, da sueca Laureen (campeã em 2012), e Arcade, do holandês Duncan Laurence (vencedor em 2019). 

Para além da popularidade e de ser totalmente integrado à cultura europeia, a ponto de movimentar o turismo e a economia das regiões que sediam o festival, o Eurovision foi muito adotado pela comunidade LGBTQIA+, como forma de expressão do seu orgulho e de afirmação do respeito à diversidade. É tanto que o festival já foi vencido por uma mulher trans (a israelense Dana International, em 1999), e por uma drag queen (a austríaca Conchita Wurst, em 2014). 

No Brasil

O Eurovision já vinha ganhando um público crescente no Brasil, através das transmissões feitas pelos canais internacionais via TV por assinatura, como RTP (Portugal), TVE (Espanha), RAI (Itália) e Deutsche Welle (Alemanha). Mas o interesse aumentou ainda mais a partir de 2017, quando o português Salvador Sobral emplacou a romântica Amar pelos Dois (que virou tema da novela Tempo de Amar, da TV Globo) e conquistou o primeiro título do país no Eurovision desde sua estreia, em 1964. Uma das celebridades que mais torceram pela música foi ninguém menos que Caetano Veloso, que se apresentou com Salvador no show de intervalo da edição de 2018, em Lisboa. 

A própria EBU já informou que o Brasil, juntamente com Argentina, Chile e México, foram os países não-europeus que mais tiveram visualizações e interações em vídeos e conteúdos do Eurovision no YouTube e nas redes sociais, o que também vem aumentando no resto do mundo e consolidando o evento como uma marca global. Isso levou a entidade a anunciar, para breve, o Eurovision América Latina, uma versão do festival reunindo os países latino-americanos. Algumas versões “estrangeiras” também já foram criadas, como o American Song Contest, realizado nos Estados Unidos com representantes dos 50 estados, e o Eurovision Canadá, que estreia ainda este ano. 

Além disso, a edição deste ano terá pela primeira vez a votação dos espectadores de fora da Europa, inclusive os brasileiros, que podem escolher as suas músicas favoritas através do aplicativo oficial do Eurovision. Esses votos serão computados na categoria Rest of World (Resto do Mundo) e somados à classificação normal de cada competidor. 

Asscom | Grupo Tiradentes
com informações da EBU/UER

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