“Quem cuida dos cuidadores?”. Esta pergunta apareceu com mais frequência ao se referir ao trabalho dos profissionais que conduzem ou prestam auxílio em cuidados com idosos, cuja ocupação vem enfrentando uma série de desafios no Brasil, sobretudo por força dos impactos da pandemia da Covid-19. É o que vem sendo mostrado por vários estudos sobre o tema, que apontam como principais problemas o desgaste, o aumento da demanda e a precarização do trabalho.
O Índice de Bem-Estar do Cuidador não Profissional de 2020, realizado pelo Embracing CarersTM, programa global apoiado pela farmacêutica alemã Merck em 12 países participantes da pesquisa, mostrou que 64% dos cuidadores afirmaram que a pandemia dificultou seu papel enquanto profissional, 54% afirmaram que a situação financeira piorou e 76% afirmam que houve excesso de cansaço devido à pandemia. A pesquisa foi realizada com nove mil cuidadores, com e sem vínculo afetivo.
Já o estudo “Enfermagem gerontológica no cuidado ao idoso em tempos da covid-19”, da Associação Brasileira de Enfermagem (ABEn), mostra que a população idosa ganhou maior destaque durante o período de pandemia de covid-19 por ter imunidade reduzida e fazer parte do grupo de risco, ou seja, apresentam uma predisposição maior ao risco de infecção, o que requer medidas específicas de prevenção e controle de propagação do vírus.
A profissão de cuidador de idoso requer atenção plena e participação ativa no dia a dia dos idosos, que muitas vezes não conseguem desenvolver sozinhos suas atividades diárias como tomar banho, comer e escovar os dentes. O cuidador também deve oferecer apoio à saúde mental do idoso para assim evitar o sentimento de solidão e fazer com que este idoso se sinta acolhido, ouvido e respeitado enquanto ser humano, apesar das limitações impostas pela idade. Além disso, os corresidentes, familiares, cuidadores formais ou informais, devem estar atentos aos cuidados e higiene dos idosos a fim de proporcionar uma maior segurança no ambiente em que convivem.
Precarização do trabalho
Um dos flancos dessa relação de trabalho é a falta de comprometimento com as leis trabalhistas. Após a contratação, existe ainda uma exploração muito grande pelos tomadores de serviço, com desvios de função e abusos. É outro gargalo que precisa ser enfrentado, pois não é incomum o desvio de função com cuidadoras obrigadas a executar tarefas como cozinhar e limpar a casa.
Apesar de haver cursos de capacitação para ser cuidador de idosos, essa é uma profissão em que muitas pessoas acabam trabalhando informalmente, o que acaba precarizando as condições de trabalho.
Tais problemas mencionados na pesquisa da Merck também foram identificados no Brasil, e associações de classe, afirmaram, em audiência na Comissão de Defesa dos Direitos das Pessoas com Deficiência da Câmara dos Deputados, que a regulamentação da profissão de cuidador é a medida mais urgente para a valorização da atividade. Para eles, é importante delimitar as funções do cuidador, garantir direitos e evitar baixos salários e jornadas excessivas.
Cuidador, acompanhante ou enfermeiro de idosos?
Em linhas gerais, o acompanhante e o cuidador têm atribuições muito semelhantes. No entanto, convencionou-se que, conforme o próprio nome diz, o acompanhante somente faça companhia ao idoso em determinados momentos, pela definição da empresa especializada Anjos Cuidadores de Vidas.
Já o cuidador é responsável pelos cuidados relacionados à manutenção das atividades de vida diária, como por exemplo oferta de medicamentos orais, oferta da alimentação e a troca de fraldas e esta é uma profissão que consta da Classificação Brasileira de Ocupações (CBO) do Ministério do Trabalho. Por fim, o enfermeiro de idosos mantém o foco no suporte à vida do paciente, sendo indicado em casos de maior complexidade.
Asscom | Grupo Tiradentes
com informações do UOL e da Agência Câmara