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Por que o homem da meia noite é um calunga?

O místico e galanteador é mais que um boneco gigante, sua saída não conta com atrações artísticas mas arrasta cerca de meio milhão de pessoas

às 19h03
Foto:  Katherine Coutinho
Foto: Katherine Coutinho
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O carnaval de Pernambuco, sem dúvidas, é um dos mais famosos do Brasil e talvez do mundo. Os festejos carnavalescos do estado são repletos de figuras que abrem e fecham a folia, algumas delas ajudam a contar um pouco da história da sua cidade. O homem da meia-noite é uma dessas figuras. Esse é o principal boneco gigante da cidade de Olinda, aliás, o calunga da terra do carnaval de rua. 

O famoso e sedutor Homem da Meia Noite envolve uma misticidade desde o seu nascimento, ocorrido há 89 anos, até a troca de roupa para sua saída anual, que acontece toda meia noite do sábado de zé pereira abrindo a folia.

A personalidade carnavalesca mais forte de Olinda são os bonecos gigantes, entre personalidades políticas, artistas e jogadores de futebol, somente o calunga do Homem da Meia Noite se destaca em sua originalidade, elegância e imponência. 

Por que “calunga”?

O envolvimento religioso que permeia toda história do Homem da Meia Noite justifica o fato dele ser um calunga e não um boneco como os gigantes que homenageiam o Rei Pelé ou do Alceu Valença. Nascido no dia 2 de fevereiro, data dedicada a Iemanjá, divindade das águas para o candomblé, o calunga é considerado filho da Orixá. Além disso, o ritual de sair toda meia noite que também é um horário místico na cultura brasileira, é a hora do medo, é a hora do lobisomem… tudo isso gera esse esoterismo.

A troca de roupa

Na saída do Homem da Meia Noite da sua sede – localizada na Estrada do Bonsucesso, Sítio Histórico de Olinda – fica toda uma expectativa no ar de como o gigante de quase 4 metros de altura aparecerá. Isso porque seu terno predominantemente verde e branco não se repete, todo ano a confecção é feita sob sigilo, segredo guardado a sete chaves. Poucos detalhes são previamente repassados pela direção do bloco, e somente quem faz parte da programação do candomblé durante o ano tem acesso ao momento da troca de roupa. A única certeza da multidão que aguarda ansiosa para vê-lo é de que elegância não vai faltar.

O Clube Carnavalesco de Alegoria e Crítica O Homem da Meia-Noite hoje é comandado por Adolpho Alves da Silva, filho de um dos criadores do calunga, Tárcio Botelho e Silva. O presidente da agremiação, que é uma das mais importantes troças da cidade, faz questão de renovar todos os anos o encantamento do calunga que forma praticamente uma romaria religiosa pelas ladeiras do sítio histórico de Olinda regada a frevo e com direito a passistas. Segundo ele, em entrevista ao Mamilos Podcast, o brilho nos olhos a cada desfile é o mesmo de quando era menino e acompanhava o desfile do muro de casa.

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