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O trabalho da enfermagem no cuidado paliativo

O cuidar é mais do que curar, sendo também o ato de acompanhar sem abandono o momento de sofrimento do paciente em fase terminal ou doença crônica

às 20h05
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A Organização Mundial de Saúde (OMS) criou, em 2002, o conceito de Cuidados Paliativos para designar a assistência para as necessidades de quem passa pela fase que antecede a morte. O termo paliativo retoma aqui o seu sentido original pallium, que vem do latim, e cujo significado se afasta da ideia do senso comum de “temporário” para significar proteção.

Literalmente, ele significa um manto de proteção que os cavaleiros usavam para se proteger das tempestades. E a “tempestade” em questão no conceito atual, e que requer proteção nesse caso, é a fase terminal da vida. Nesse estágio, ou seja, nos dias que antecedem a morte, o cuidar é mais do que curar, é acompanhar sem abandono, o controle do sofrimento.

Na impossibilidade de completa retirada do sofrimento do outro, o profissional de cuidado paliativo o acolhe, tornando o processo mais tranquilo de ser vivenciado. Ele acompanha os últimos dias de pacientes terminais, portadores de doenças que ameaçam a vida, pessoas que estão sem perspectiva de cura e cujo organismo não responde mais aos tratamentos.

Como é o trabalho

O objetivo do cuidado paliativo é aliviar não somente a dor física, mas principalmente o sofrimento do paciente e dos familiares nesse momento delicado e difícil que faz parte da vida de todos: a morte. Na rotina de trabalho, esse profissional acompanha os pacientes até o último minuto, e não somente controlando os sinais vitais, mas na escuta e na atenção plena ao paciente.

É conhecida uma crítica direcionada aos profissionais de saúde, segundo a qual eles “enxergam” apenas a doença, mas não a pessoa que a carrega. Visto como um mecanismo de defesa por muitos, é um método abandonado pelos especialistas em cuidados paliativos, que exigem uma relação muito mais próxima entre a equipe de saúde e o enfermo.

As práticas de suporte são direcionadas para permitir uma vida ativa dentro do possível, conferindo dignidade ao paciente frente ao óbito. Nenhum procedimento é empregado para acelerar ou adiar a morte, e todo o esforço da equipe é realizado para oferecer conforto e autonomia. 

Enfermagem

Esta especialidade é interdisciplinar, podendo ser exercida por diferentes profissionais da saúde, mas a Enfermagem, por ser “a arte do cuidado”, ganha destaque. É o profissional que mantém contato direto com o paciente e sua família, que faz o controle sistemático dele, da administração de medicamentos até o cuidado de outros sintomas estressantes.

A Enfermagem atua como mediadora, cuidando de pacientes em estágio avançado de diversas doenças, ampliando o tratamento para oferecer maior conforto. A morte não escolhe idade, por isso os idosos são a maioria, mas não os únicos pacientes a receber os cuidados paliativos, que vão agir sobre o sofrimento desses pacientes. O trabalho da medicina e enfermagem paliativa é permitir maior tranquilidade para que a pessoa passe por seus últimos momentos de forma consciente e sem dores, mas vivenciando a finitude como um processo natural da vida.

Graus de complexidade

Existem três graus de complexidade para os cuidados paliativos. Os Gerais são empregados após o diagnóstico progressivo, para atender toda variedade de sintomas relacionados. Os Específicos aparecem nas últimas semanas ou meses de vida, a partir da verificação do estado progressivo. E os Terminais são os cuidados das últimas 72 horas de vida. As técnicas auxiliam no manejo dos sintomas, além, é claro, dos aspectos psicossociais associados à doença.

A OMS e o WHPCA (World Hospice Palliative Care Alliance) divulgaram a segunda edição do Atlas Global de Cuidados Paliativos que mostra um crescimento na oferta desse serviço no Brasil, mas ainda aquém da demanda existente. Os dados de 2017, mas divulgados ano passado, mostram a necessidade de maior oferta do serviço, bem como mais profissionais capacitados nessa área.

Asscom | Grupo Tiradentes

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