Brincar é fundamental para o desenvolvimento infantil. A ludicidade propicia que a criança se lance no mundo simbólico e é através dela que o terapeuta, o psicanalista ou psicólogo consegue observar as relações que a criança tem com outras pessoas dentro de um tempo histórico. Por isso, a importância das brincadeiras lúdicas para o desenvolvimento emocional e motor das crianças é algo enfatizado tanto nas atividades escolares, bem como nas sessões de terapia.
“Para mim esse é um tema super importante e que muitas vezes pode passar como algo cotidiano, naturalizado. O que me faz pensar em como a ludicidade, o acesso ao recurso lúdico ou tempo de brincar é fundamental para a estruturação da subjetividade da criança”, explica a psicanalista e professora do Centro Universitário Tiradentes (Unit Alagoas), Gabriela Costa Moura.
Ela lembra os casos clínicos de duas crianças que ela acompanhou em uma mesma época. Em ambos, as crianças não tinham tempo para brincar, pois tinham atividades em praticamente todos os horários do dia de segunda à sexta.
“Se em um turno do dia elas estavam na escola, em outro turno estavam praticando algum tipo de esporte ou aprendendo uma língua estrangeira. E à noite, quando os pais chegavam em casa, ainda tinham que fazer a tarefa da escola e depois mostrar para os pais, que geralmente, fazem esse acompanhamento. Pelo menos é o que esperamos que os pais façam”, disse.
Portanto, nesses dois casos, já que as crianças não tinham tempo para brincar, a professora e psicanalista destaca que teve dificuldades, inclusive, para fazer o diagnóstico clínico e detectar se elas tinham alguma psicopatologia. “É a partir do brincar, do modo de se relacionar com o outro, da brincadeira e do brinquedo que observamos se a criança recebe bem e acolhe bem a entrada de uma terceira pessoa. Ela está ali numa brincadeira, com um brinquedo que ela inventou e entra outro, que pode ser o pai, a mãe, o irmão, a irmã ou o terapeuta. Então, é essencial que a criança tenha esses momentos lúdicos”, explicou.
A psicanalista informou ainda que os sintomas de psicopatologias aparecem nas crianças de acordo com as peculiaridades de cada uma, que são inerentes a todo contexto da construção familiar e posição nas relações pessoais. “Mas, nesses dois casos específicos que eu acompanhei na mesma época, o que mais me chamou a atenção foi que as crianças não tinham tempo para brincar e como o brincar é fundamental no desenvolvimento infantil”, observou.
Asscom | Grupo Tiradentes