Debater conflitos existentes envolvendo a preservação ambiental e o valor identitário de comunidades quilombolas. Este é o objetivo da apresentação da professora Clarissa Marques, no III Simpósio sobre Meio Ambiente, Imigração e População, promovido pela Universidade de Oxford, na Inglaterra.
Com o tema “Memória ambiental – Antes que a resistência quilombola no Brasil seja apenas uma lembrança”, a pesquisadora e docente da graduação em Direito, da Faculdade Integrada de Pernambuco – UNIT, aborda o episódio ocorrido em São Paulo, quando quilombolas, em razão de uma lei estadual, tiveram sua permanência, no território onde tradicionalmente desenvolveu-se o quilombo, tida como ilegal por razões ambientais.
“O caso analisado nos permite observar os diversos conflitos entre a preservação ambiental e o valor identitário, cultural e étnico dos quilombos. O curioso é que o conflito, na verdade, foi criado pelo próprio estado de São Paulo, que ao elaborar sua legislação não observou a necessidade de proteger também o que chamamos de etnodesenvolvimento”, detalhou a professora Clarissa Marques.
Quilombos – As comunidades quilombolas, remanescentes de quilombos, são territórios livres constituídos pelos escravos negros que fugiam de fazendas e senzalas, durante os mais de 300 anos de vigência da escravidão no Brasil.
Atualmente existem aproximadamente 3 mil comunidades quilombolas espalhadas pelo país e cerca de 198 mil famílias aguardam a titulação de suas terras.