*Do portal Guia do Estudante
Um estudante em um ano de faculdade passa um bocado de horas ocupado com livros e cadernos. Quando essas horas são gastas em um ambiente que não favorece a concentração ou o seu conforto, elas acabam sendo desperdiçadas. E tudo que um aluno menos quer é desperdiçar seu precioso tempo. Por isso, reunimos aqui algumas dicas de especialistas para encontrar um local de estudos perfeito para você.
Identificando problemas
Se você está insatisfeito com o seu atual local de estudos, recomenda-se que seja feita uma avaliação da situação antes de escolher um novo ambiente. Quem aconselha essa reflexão é Fábio Ribeiro Mendes, doutor em filosofia e especialista em autonomia no aprendizado. “Qualquer coisa atrapalha o estudo. A minha recomendação é que a pessoa, após notar que não consegue estudar, faça uma espécie de experimento”, indica. Esse experimento, explica Fábio, é fazer uma lista com tudo que está atrapalhando o estudante. Ao iniciar uma sessão de estudos, coloque um papel em branco e uma caneta ao seu lado e, assim que perceber algum desconforto, anote. Dor nas costas, latidos dos cachorros dos vizinhos, barulhos diversos, cadeira que machuca e por aí vai. “É interessante perceber que muitas dessas coisas que atrapalham são concretas, ou seja, podem ser resolvidas”, analisa.
Com base na sua “lista de reclamações”, é hora de buscar soluções para cada um dos problemas. Para Danilo Micali, diretor geral de um cursinho pré-vestibular em São Paulo, algumas características básicas que podem guiar o estudante para planejar seu local de estudos são: tranquilidade, conforto (cadeira e mesa adequadas), uma boa iluminação, organização e um ambiente com poucas distrações ou interrupções. “É muito bom quando o local de estudos é usado apenas para estudar e não com outras finalidades”, explica.
No entanto, se os problemas forem muitos e você não conseguir resolver todos eles, pode ser uma boa ter um plano B, como encontrar um local alternativo à sua casa.
Estudando fora de casa
Danilo, que também é biomédico, conta que em sua época de vestibular também teve problemas para estudar em casa. “Era difícil para minha família entender que, apesar de estar em casa, estava ocupado e concentrado. Na época eu fazia cursinho de manhã e passei a estudar no próprio cursinho à tarde. Nesse caso, tinha a vantagem de contar com a presença dos monitores para tirar dúvidas que podiam surgir”, relata. Ele recomenda que os estudantes aproveitem as instalações de suas faculdades, caso elas sejam favoráveis para o estudo em horários alternativos.
“Às vezes não temos consciência das bibliotecas a que temos acesso, qualquer faculdade tem biblioteca”, afirma Fábio Ribeiro Mendes. Ele explica que, mesmo em universidades particulares, muitas vezes existe o acesso ao público externo. O estudante pode se informar dessa possibilidade ou, caso não consiga, procurar locais que também funcionam e quebram um galho, como lanchonetes ou praças de alimentação de shoppings.
Estudando dentro de casa
Mas não é todo mundo que consegue bancar o preço das passagens para deslocamento e também os gastos com alimentação para estudar fora. Nesse caso, o jeito é trabalhar com as suas possibilidades dentro de casa. Se o problema for a família, é preciso envolvê-la nesse processo de estudo. “Em casa, convivemos com outras pessoas e é preciso conversar com elas para tentar negociar opções boas para todos”, aconselha o especialista Fábio. Para ele, ser estudante envolve outras responsabilidades além dos livros, como saber se posicionar com maturidade. Tenha uma conversa franca sobre como é importante que todos colaborem para que você consiga estudar.
Vale a pena também negociar horários. Se você precisa estudar na mesa da sala ou da cozinha, marque uma hora fixa com a família para que eles saibam quando devem evitar fazer barulhos ou interrupções. “Tem estudante que prefere deixar para estudar quando todos estão dormindo ou acordando mais cedo. É uma rotina diferente, mas é uma forma de se conseguir um ambiente apropriado”, diz Fábio.
Para aumentar a concentração
“O estudo, dentre as atividades que vamos ter no dia a dia, é provavelmente a que mais exige concentração”, afirma Fábio. Tanto fora, como dentro de casa, barulho é algo que pode causar distração. Uma das soluções para esse problema é o uso de tampões de ouvido. É fácil encontrá-los em farmácias, lojas de ferragens (porque também é usado como equipamento de segurança em obras) ou em lojas de materiais ortopédicos. Se a pessoa não tiver como comprar um par, a dica é improvisar tampões com algodão ou até mesmo pedaços de papel higiênico (sempre tomando cuidado para não introduzir esses materiais no canal do ouvido para não correr o risco de provocar lesões).
Outra opção para abafar sons externos é ouvir música. No entanto, os dois especialistas alertam para um outro risco: a chance de se distrair com as suas canções favoritas “O estudante tem que ser muito honesto com si mesmo quanto a isso. Inevitavelmente, a música pode ser um fator de distração e, nesse caso, é melhor que se use apenas protetores auriculares”, orienta Danilo. Caso o estudante queira testar estudar com sons, Fábio indica que a pessoa escute músicas mais calmas e com um volume não muito alto. “O estudante tem que encontrar uma solução que o ajude. Para alguns, é o silêncio total, mas para outros, esse silêncio pode ser angustiante. É preciso encontrar a sua própria fórmula sobre o uso da música”, aconselha. No YouTube também é possível encontrar trilhas sonoras para estudos. Vale a pena dar uma pesquisada!
Além disso, Danilo lembra que estudar cansa. Sim, isso mesmo. Trabalhar com a mente pode ser bem exaustivo. “Não se deve ir até o seu limite, estudar até não aguentar mais. Isso faz com que o estudo deixe de ser algo prazeroso”, explica. Ele aconselha a parar quando já se estudou o bastante e a pessoa ainda se sente bem. “O que funciona mesmo é estudar sempre e não tudo de uma vez”, explica. Também é aconselhável que os estudantes mantenham uma rotina de lazer periódico. “Pode parecer uma perda de tempo, mas esses momentos realizando outras atividades são muito mais um ganho, pensando a longo prazo. O que conta, afinal, não é a quantidade de horas estudadas, mas sim a qualidade do estudo”, finaliza.
Fábio Ribeiro Mendes, autor de cinco livros sobre autonomia nos estudos, recomenda um ciclo de aprendizagem dividido em quatro etapas para melhorar o foco e, consequentemente, melhorar o desempenho do estudante.
Etapa 1: Leitura panorâmica
Nesse momento é indicado fazer uma leitura rápida para que se tenha uma ideia geral do texto. É quase uma etapa preliminar, de reconhecimento.
Etapa 2: Marcação e sublinhado
Tendo noção do texto, leia-o com calma, com o objetivo de destacar o que parece ser mais importante. É aconselhável começar primeiro indicando, por meio de colchetes, na margem do texto, os trechos que parecem mais importantes. Evite sublinhar enquanto lê, porque isso geralmente resulta em um sublinhado excessivo. Após marcar os trechos com colchetes, volte a cada um deles e, aí sim, sublinhe as palavras-chaves, apenas o suficiente para saber do que se trata o assunto.
Etapa 3: Anotações
Com base no que foi marcado e sublinhado, faça anotações livres em uma folha a parte, de próprio punho. Pode ser na forma de esquema, mapa conceitual, linha de tempo, tabela, contendo desenhos, cores ou o que julgar útil para registrar o que destacou no texto. Assim, estará criando algo seu com base no material de estudos.
Etapa 4: Exercícios
Os exercícios são essenciais para saber o quanto aprendemos. Eles podem ser feitos de formas variadas, como dar resposta às questões prontas trazidas pelo livro didático ou até a atividade de refazer anotações sem consulta ou ensinar o conteúdo para si mesmo em voz alta ou para um colega. É com base nessa etapa que você verá o que precisa ser reforçado no aprendizado. Recomece o ciclo de estudos completando as suas anotações com o que faltava.