Muito além de ser a data que marca a chegada dos portugueses ao Brasil, em 1500, o 22 de abril é lembrado em todo o mundo como o Dia da Terra, voltado para conscientizar governos e sociedades sobre a importância de preservar a natureza e o meio ambiente. A data foi criada em 1970 nos Estados Unidos pelo senador e ambientalista Gaylord Nelson (1916-2005) e ajudou a mobilizar conferências e movimentos para discutir o assunto em todo o mundo.
Um desses eventos aconteceu nesta quinta-feira, 22, a Cúpula de Líderes sobre o Clima, convocada pelo presidente americano Joe Biden para discutir as mudanças climáticas do planeta e suas consequências. O evento virtual reuniu 40 convidados, entre líderes ambientalistas, indígenas, chefes de Estado e de governo – um deles foi o presidente brasileiro Jair Bolsonaro, que prometeu acabar com o desmatamento ilegal até 2030 e com as emissões de gases do ‘efeito estufa’ até 2050, antecipando em 10 anos o que está previsto no chamado Acordo de Paris.
Diversas medidas são anunciadas e tomadas pelo mundo para tentar reverter situações de poluição, desmatamento e degradação ambiental. No entanto, a sensação é de que tudo o que está sendo feito agora não é o suficiente. Para o engenheiro ambiental Ismar Macário Pinto, professor dos cursos de Engenharia Ambiental, Civil e de Petróleo do Centro Universitário Tiradentes (Unit Alagoas), muitos países ainda não atentaram para a seriedade das degradações ambientais recorrentes no mundo. “Alguns desenvolveram políticas que tratam de forma mais eficaz os problemas ambientais. Mas, a grande maioria ainda não consegue enxergar os ganhos com a preservação do ambiente e a proteção da biodiversidade do nosso planeta. Precisamos mudar nosso comportamento urgentemente”, alerta .
De acordo com ele, boa parte dos problemas ambientais do mundo decorrem do subdesenvolvimento, isto é, estão relacionados à poluição e à exploração indevida de recursos naturais, principalmente a água. “Saneamento básico tem como pilares principais: Tratamento de água, tratamento de esgoto, tratamento dos resíduos sólidos e drenagem urbana. Os países emergentes sofrem com estes problemas, os países desenvolvidos não”, afirma Macário, que por outro lado, considera as mudanças climáticas como principais problemas que afetam principalmente os países desenvolvidos. “Eles têm sofrido muito com as mudanças climáticas: chuvas mais intensas, furacões aparecendo em maior intensidade, aumento do nível do mar, nevascas muito mais intensas que o esperado. Quando você fala de clima, está falando de algo que mexe com todo o planeta”, completa.
Ismar considera que, em razão disso, a principal expectativa é de que a Cúpula do Clima retome a agenda ambiental dos países convidados e confirme o compromisso das nações com a redução das emissões de carbono, principalmente com o retorno dos Estados Unidos ao Acordo de Paris. Para ele, a situação da Terra pode ser revertida, mas não a curto prazo. “Se realmente os países e sociedades entenderem como as mudanças climáticas estão afetando nossas vidas e iniciarem um ciclo de desenvolvimento verdadeiramente sustentável, podemos começar a minimizar os danos e num médio prazo começar a reverter alguns impactos ambientais”, afirmou ele.
O papel do Brasil
Por ter riquíssimos biomas em seu território, como a Amazônia, o Pantanal e a Mata Atlântica, o Brasil é destacado como um dos principais protagonistas da luta para reverter os atuais problemas ambientais, principalmente o do desmatamento. No entanto, o atual governo tem enfrentado críticas de outros países pelo aumento da ocupação irregular das florestas e da exploração de madeira.
De acordo com Ismar Macário, o Brasil tem a chance de mostrar pelo exemplo como pode ser feita a preservação de grandes florestas. “A maior parte dos países desenvolvidos devastaram suas florestas nativas, e hoje eles cobram do Brasil uma postura de preservação que eles não tiveram. Claro que isso não dá ao Brasil um salvo-conduto para desmatar, mas sim uma grande oportunidade de mostrar que é possível se desenvolver preservando florestas nativas. O que precisa ser feito com urgência é o Brasil retomar o caminho de proteção às florestas nativas e aos biomas ameaçados”, orienta.
Outra medida importante, conforme o professor da Unit, é levar o tratamento de água e esgoto a 100% de todas as cidades do país, pois os principais problemas ambientais urbanos estão associados à ausência de saneamento básico. E por fim, uma terceira medida é a conscientização de toda a população, que deve adotar cuidados com o meio ambiente. “É adotar medidas simples no seu dia a dia, como diminuir a quantidade de lixo gerada. É aprender a separar seus resíduos, o que é reciclável do que não é. É ser menos consumista, adotar medidas para racionalizar o uso da água e da energia em sua residência, comprar produtos sustentáveis e que possam ser reciclados”, conclui Macário.
Asscom | Grupo Tiradentes