Um levantamento feito pelo Fórum Econômico Mundial mostrou que os “millennials”, geração que nasceu de 1980 a 1995, estão com novas atitudes em relação à paternidade. Eles começaram a constituir famílias e um de seus comportamentos é passar mais tempo com os filhos, diferente dos pais de gerações anteriores. São mais propensos a dividir responsabilidades. O BabyCenter, site para grávidas, pais e mães de primeira viagem, realizou uma pesquisa em 2019, apontando que “pais millennials estão mais engajados no cuidado diário com as crianças do que qualquer geração anterior a eles”. O estudo pesquisou pais entre 18 e 34 anos que estão aguardando um bebê ou com um filho menor de seis anos de idade.
Mas devemos levar em conta que a história da humanidade foi escrita a partir de um ponto de vista patriarcal, onde o homem era o provedor, a figura de poder do núcleo familiar. O papel da mulher nessa sociedade é o da pessoa que tem responsabilidade no âmbito doméstico, criação, educação, saúde e alimentação dos filhos. Os pais serviam apenas como suporte na criação dos filhos quando, na verdade, ambos são fundamentais na construção do indivíduo.
As transformações na sociedade moderna e as funções que as mulheres exercem fora de casa levaram pais e mães a mesclarem funções provedoras e cuidadoras. O conceito de família. também mudou, e aí estão inseridas as famílias homoafetivas, caracterizada pela união de pessoas do mesmo sexo, principalmente quando composta por dois homens. Esses fatos contribuíram para uma redefinição da figura paterna.
A assistente social Mayra Barbosa Vilar, do Núcleo de Apoio Pedagógico e Psicossocial (Napps) do Centro Universitário Tiradentes (Unit Alagoas), explica essas mudanças. “A construção de uma nova realidade é cotidiana e contínua. Nesta, nos deparamos com pais ultrapassando o papel de suporte para mães e assumindo efetivas responsabilidades. Para isso, são quebradas amarras que foram-lhe impostas anteriormente, de distanciamento afetivo, de rigidez, de único provedor material da família. Nesta mudança de paradigmas, todos saem ganhando”, afirma.
O papel dos pais dentro das novas rotinas familiares estabelecidas foi alterado, diz a assistente social. “Com ela, todo um processo de adaptação, convivência e partilha das responsabilidades foi criado. Hoje, a figura paterna é muito mais presente e participativa. É um momento de redescoberta de como ser pai atualmente, deixando o papel de “provedor financeiro” da casa, para uma figura muito mais ativa. Além de estarem mais participativos e presentes, isso colabora estimulando a memória afetiva dos filhos, criando/reforçando vínculos”, observa.
Para Mayra Vilar, a pandemia foi um terceiro fator que contribuiu para a maior participação dos pais na vida dos filhos. “Sem sombra de dúvidas, foi algo inimaginável por muita gente e não podemos negar as inúmeras transformações ocasionados para muitas famílias. E o ponto positivo foi a possibilidade da presença da figura paterna mais próximo aos filhos, e exercendo a paternidade sem rótulos e com afeto”, pondera.
Asscom | Grupo Tiradentes