A Nutrição comportamental é uma linha de atendimento na qual o paciente é orientado a ressignificar sua relação com os alimentos, mas sem “terrorismo” nutricional e com consciência das suas escolhas. Os objetivos são a melhoria da saúde de forma geral, sendo indicada para todas as pessoas que desejam alcançar esse objetivo de maneira tranquila.
Esta abordagem inovadora amplia a atuação do nutricionista e muda alguns paradigmas da prática profissional e da forma de enxergar a nutrição. Ela considera os motivos que levam uma pessoa a escolher seus alimentos e consumi-los, o que envolve variáveis como regionalidade, hábitos alimentares, acessibilidade, economia, além de aspectos emocionais, afetivos e relativos ao prazer deste consumo.
A cultura e a identidade são fatores importantes, pois as escolhas alimentares são ensinadas e não instintivas. Esse aprendizado, no entanto, é desconsiderado quando se afirma desejar determinados alimentos e ou quando se rejeita outros. Mas a verdade é que comer é mais uma manifestação cultural e de identidade, que se diferencia entre tantas outras maneiras de se alimentar.
O comportamento alimentar inclui ainda o motivo, o como, com quem, que sentimentos, entre outros fatores que influenciam as escolhas alimentares. Por meio do resgate da boa relação com a comida, o trabalho do Nutricionista vai focar na mudança dos comportamentos alimentares disfuncionais. Por essa abordagem, os defensores da linha acreditam que nutricionistas devem ter conhecimentos da ciência do comportamento, a Psicologia, com foco na alimentação.
Como funciona
Os profissionais que seguem esta abordagem também são chamados de terapeutas nutricionais, por buscarem o aperfeiçoamento da conduta com os alimentos. O nutricionista vai identificar comportamentos funcionais já existentes, resgatá-los e reforçá-los junto com o paciente como um recurso para a mudança, ajudando a compreender as dificuldades e as suas reações a partir do que foi proposto.
No consultório, eles têm o papel de compreender, avaliar e discutir como os pacientes enxergam o prazer de comer, o sabor e as consequências da ingestão alimentar. Em conjunto, eles vão pensar novas formas de comer, os horários, rituais de alimentação e planejamento das refeições. A partir do histórico e do objetivo do paciente, estratégias comportamentais são traçadas, como metas a serem alcançadas.
Com o progresso, novas metas são estabelecidas com o tempo, sempre de forma individualizada e condizentes com a realidade do mesmo. O profissional atua sempre encorajando o paciente a ser um observador do processo e de si, através de um atendimento acolhedor no qual o paciente se sinta confortável para compartilhar os seus anseios sobre alimentação.
Diferenciais
Não cabe ao nutricionista no consultório julgar, proibir ou impor ideias de alimentação, mas sim utilizar estratégias, ferramentas como a terapia cognitivo-comportamental aplicada na nutrição, a entrevista motivacional, princípios do comer intuitivo e princípios do comer com atenção plena entre outras ferramentas que interligam o corpo, a mente e o ambiente na relação do indivíduo com a alimentação.
Esta visão ampliada da Nutrição torna mais provável compreender o porquê de certos comportamentos das pessoas em relação à comida, e o fato delas manterem alguns deles e outros não. E diferencia-se da linha mais tradicional que muitas vezes tem preocupação somente com o consumo de alimentos, calorias e nutrientes, e na qual o ganho de saúde é um produto.
Como surgiu
Muitos profissionais da Nutrição, da Psicologia e de outras ciências humanas já estudavam o comportamento alimentar, mas o termo tem sido usado e sistematizado desde 2014 pelo Instituto Nutrição Comportamental (INC), que anualmente realiza congressos para discutir esta abordagem. Ele defende que “os nutricionistas, em geral, precisam ainda estudar muito mais esta temática, e entender as bases conceituais do comportamento para chegar aos determinantes e fatores que produzem as escolhas e comportamento alimentar”.
Isso diz respeito às teorias comportamentais, aos modelos e estratégias para promover mudança de comportamento, os distúrbios do comportamento alimentar, as escalas e questionários que avaliam comportamento alimentar, determinantes do comportamento alimentar, e o comportamento alimentar nos diferentes grupos.
Asscom | Grupo Tiradentes