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Mulher afro-brasileira se espelha na história de Tereza de Benguela

Conhecida como “Rainha”, ela liderou no século XVIII um quilombo no Mato Grosso, onde fazia cumprir suas ordens; Dia da Mulher Negra é dedicado em sua homenagem

às 21h05
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Tereza de Benguela inspira mulheres desde o século XVIII até os dias atuais. Para se livrar da escravidão, ela fugiu para o Quilombo de Quariterê, no Vale do Guaporé, em Mato Grosso. Naquela região, próxima à atual cidade de Cuiabá, ela comandou por mais de 20 anos um local que chegou a reunir mais de três mil pessoas, entre negros, brancos e indígenas, que lutavam por liberdade

Em sua homenagem, a ex-senadora mato-grossense Serys Slhessarenko propôs um Projeto de Lei instituindo o dia 25 de julho como o Dia da Mulher Negra. O projeto foi aprovado e sancionado pela ex-presidente Dilma Rousseff, na forma da lei 12.987/2014, cujo objetivo era criar uma heroína para as mulheres negras do país. 

Na mesma data, também é celebrado o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, reconhecido pela Organização das Nações Unidas (ONU) desde 1992. Este dia ficou marcado pela reunião de um grupo de mulheres para discutir questões como opressão, exploração da mulher preta, inclusive sexual, e mais visibilidade para a causa da igualdade e do fim da discriminação. 

Chamada de “Rainha” pelos quilombolas e por todos que conheciam a maneira com que ela administrava o Quilombo, Tereza é considerada importante para o povo afro-brasileiro por sua história de resistência e não somente contra a escravidão, mas todas as opressões sofridas no século XVIII, época em que viveu. 

Surgido por volta de 1750, o local existiu até 1795 quando foi dizimado por bandeirantes. Durante o período em que esteve à frente do Quariterê, ela promoveu o desenvolvimento da comunidade com estrutura política, econômica, de defesa territorial armada e até mesmo uma espécie de Parlamento. 

Os Anais de Vila Bela, documentos históricos da época, relatam o que ocorria no Quilombo. “Governava esse quilombo a modo de parlamento, tendo para o conselho uma casa destinada, para a qual, em dias assinalados de todas as semanas, entravam os deputados, sendo o de maior autoridade, tido por conselheiro, José Piolho (…). Isso faziam, tanto que eram chamados pela rainha, que era a que presidia e que naquele negral Senado se assentava, e se executavam à risca, sem apelação nem agravo” (Anal de Vila Bela do ano de 1770). 

Tereza de Benguela conseguiu resistir até a invasão do quilombo de Quariterê por bandeirantes, em 1770, quando foi capturada e, segundo os registros históricos, assassinada. Na atualidade, as mulheres pretas têm em Tereza não apenas um símbolo de resistência, mas também um exemplo a ser seguido que ajuda a maximizar a força de suas vozes nos próprios contextos de vivência em que estão inseridas. 

Asscom | Grupo Tiradentes
com informações da Fundação Palmares

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