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Mês dos Poetas - Especial Manuel Bandeira

Precursor do modernismo no Brasil, Manuel Bandeira marcou uma era artística-cultural

às 19h15
Foto: Everson Verdiao/Esp.DP/D.A.Press
Foto: Everson Verdiao/Esp.DP/D.A.Press
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Entre as referências da poesia pernambucana é impossível não destacar Manuel Carneiro de Sousa Bandeira Filho, ou apenas Manuel Bandeira, integrante da ‘Geração de 45’ de poetas. Manuel foi referência na cena literária nacional e chegou a ocupar em 1940 a cadeira de número 24 na Academia Brasileira de Letras (ABL).

O poeta nasceu em 19 de abril de 1886 na cidade do Recife, onde morou até os 10 anos de idade e iniciou os estudos. A dedicação ao domínio da linguagem já indicava a construção de uma carreira intelectual, que perdurou por grande parte da sua vida. A única interrupção significativa dessa trajetória se deu por uma contaminação de tuberculose que o acometeu fortemente, e fez com que 10 anos após o diagnóstico, ele viajasse para Suíça em busca de tratamento.

Retornando ao Brasil por volta de 1914, com as condições de saúde restabelecidas, deu seguimento aos projetos na área de literatura se tornando professor acadêmico na Universidade do Brasil, e dois anos depois publicou seu primeiro livro ‘A Cinza das Horas’.

A semana de arte moderna de 22 contou com uma obra de Manuel Bandeira, o autor enviou seu poema crítico ao parnasianismo “Os Sapos” que foi declamado por Ronald de Carvalho.

As obras de Manuel Bandeira têm conceitos do lirismo poético – característica artística que exprime sentimentos intensos. Reúne temas do cotidiano, vida, morte, saudosismo e infância. O poema “Vou-me embora pra Pasárgada” é um dos escritos que retrata o seu lugar  (espaço físico) no irreal-ideal, imaginação do autor. O poema possui apelo emotivo.

Leia abaixo:

Vou-me embora pra Pasárgada

Vou-me embora pra Pasárgada

Lá sou amigo do rei

Lá tenho a mulher que eu quero

Na cama que escolherei

Vou-me embora pra Pasárgada

Vou-me embora pra Pasárgada

Aqui eu não sou feliz

Lá a existência é uma aventura

De tal modo inconseqüente

Que Joana a Louca de Espanha

Rainha e falsa demente

Vem a ser contraparente

Da nora que nunca tive

E como farei ginástica

Andarei de bicicleta

Montarei em burro brabo

Subirei no pau-de-sebo

Tomarei banhos de mar!

E quando estiver cansado

Deito na beira do rio

Mando chamar a mãe-d’água

Pra me contar as histórias

Que no tempo de eu menino

Rosa vinha me contar

Vou-me embora pra Pasárgada

Em Pasárgada tem tudo

É outra civilização

Tem um processo seguro

De impedir a concepção

Tem telefone automático

Tem alcalóide à vontade

Tem prostitutas bonitas

Para a gente namorar

E quando eu estiver mais triste

Mas triste de não ter jeito

Quando de noite me der

Vontade de me matar

— Lá sou amigo do rei —

Terei a mulher que eu quero

Na cama que escolherei

Vou-me embora pra Pasárgada

Dentre as obras poéticas mais populares de Manuel Bandeira temos:

  • Carnaval (1919)
  • A Cinza das Horas (1917)
  • Libertinagem (1930)
  • Estrela da Manhã (1936)
  • Lira dos Cinquent’anos (1940)

Manuel Bandeira morreu em 13 de outubro de 1968, aos 82 anos, em Botafogo no Rio de Janeiro, em decorrência de uma hemorragia gástrica.

No prédio do Centro Universitário Tiradentes – Unit PE foi colocado um memorial, que o destaca o poeta como importante personalidade pernambucana, o quadro descreve sua biografia e principais obras.

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