Celular, vaso sanitário, corrimão, ônibus e cozinha. Lugares e objetos que fazem parte do dia-a-dia da população e nunca se tornaram tão observados como atualmente. Em tempos de pandemia, a prevenção e os cuidados se tornaram mais necessários e divulgados, chamando atenção para microrganismos, como os vírus e as bactérias. A ciência explica que esses organismos vivem ao redor da atmosfera, na maioria das vezes convivendo de forma pacífica com ela. Entretanto, quando o corpo humano não consegue se defender, elas podem ser portas para vários tipos de doenças. Fica então o alerta: como se prevenir, evitar e higienizar superfícies e ambientes de forma correta?
A biomédica e professora dos cursos de Biomedicina da Unit-PE e de Medicina da Fits, Evelyn Solidonio, explica que existem, sim, ambientes mais suscetíveis a microrganismos e é necessário prestar atenção a eles e a sua higienização. “É importante se preocupar com lugares úmidos. Locais assim têm uma maior possibilidade de abrigar bactérias e fungos. Banheiro, cozinha e área de serviço são alguns deles”, explicou.
Os objetos também precisam que ser levados em consideração, já que muitos são manuseados todos os dias e com frequência. As superfícies do celular, escova de dente, óculos e muitos outros objetos podem abrigar milhares de microrganismos, mesmo que não sejam visíveis a olho nu.
“Na parte do banheiro, escova de dente é o objeto mais perigoso. Ela tem que ficar em recipientes fechados, com tampa, para protegê-la. Também é necessário deixá-la sempre seca, para que não se formem fungos. Na cozinha, a atenção é para a esponja e os panos de prato, já que eles ficam muito molhados e com restos de comida. As tábuas de corte também apresentam riscos e não devem ser usadas para alimentos diferentes. Nunca se deve cortar carne na mesma tábua onde as verduras são cortadas, por exemplo, já que a carne contém sangue, facilitando a proliferação de organismos. Outros objetos que muitas pessoas não prestam atenção são os celulares e controles. São objetos usados diariamente, então precisam de atenção”, ressaltou Evelyn.
Higienização
A melhor forma de prevenção contra doenças causadas por bactérias é a limpeza. “No banheiro, é necessário preocupar-se com a pia, o vaso sanitário, o box e o piso, que deve ser higienizado sempre com sabão e água sanitária. Já na cozinha, as superfícies têm que ser levadas em consideração, como a bancada e a pia. É importante não ter uma lixeira perto da pia porque elas facilitam a proliferação de bactérias. Na área de serviço, a máquina de lavar deve ser higienizada, fazendo lavagens e aplicando água sanitária”, orientou.
Os objetos também precisam ser limpos: nunca deixá-los úmidos é importante, além de remover restos de comida e sujeira, por exemplo. Os eletrônicos – como celulares, tablets e computadores – devem ser higienizados de maneira diferente, com o álcool isopropílico, que não danifica as telas e nem prejudica a qualidade das superfícies, evitando a oxidação.
Covid-19
Em meio à pandemia do novo coronavírus, Evelyn orienta que qualquer superfície onde se coloca a mão, tanto dentro como fora de casa, pode se tornar causadora e facilitadora para a infecção por Covid-19. A transmissão pode ocorrer com o contato do vírus com olhos, nariz e boca por meio de mãos não lavadas, principalmente após o toque delas em locais como corrimãos, janelas, celulares, e dinheiro.
“É essencial higienizar as mãos, lavando-as com água e sabão. Todos os objetos e superfícies onde você possa colocar a mão, tornam-se risco. O vírus não voa, então são as pessoas que trazem ele até elas. Objetos que são manipulados e superfícies que podem ser tocadas são os maiores perigos, dentro e fora de casa”, alertou.
Pesquisa
Pesquisadores da Fiocruz Pernambuco publicaram um estudo que aponta os locais mais suscetíveis à contaminação por Covid-19. O estudo coletou 400 amostras em Recife e comprovou que os terminais de ônibus são os locais mais perigosos: 48% das amostras recolhidas continham a presença do vírus. No ranking, em 2° lugar, aparecem as áreas ao redor de hospitais, com 26,8%. Em seguida, foram os parques (14,4%), mercados públicos e praias (4,1%) e os demais locais, com 2,2%.
Os objetos não ficaram de fora da pesquisa: as superfícies mais tocadas pelas pessoas, como corrimãos, maçanetas, catracas e interruptores, continham a presença do vírus – 97 das 400 amostras recolhidas, somando 24,25%. Os locais de toque que apresentaram mais risco, segundo o ranking, são os metálicos (46%), plásticos (18,5%), madeira (12%), pedra (10%), concreto (9%), vidro (2,2%) e outros (2%). O estudo traz um alerta ainda maior à importância dos cuidados essenciais e de proteção.