Uma das faces mais duras da desigualdade social no Brasil é o nível de escolaridade média da população, considerado baixo em relação a outros países, e que tende a se manter assim por outras gerações. É o que mostra uma pesquisa recente feita pelo Instituto Mobilidade e Desenvolvimento Social (IMDS), e publicada em reportagem do jornal Folha de São Paulo. Ela apontou, com base em dados oficiais, que 58,3% dos brasileiros interromperam os estudos sem concluir o Ensino Médio e repetiram a mesma escolaridade dos pais. Nos Estados Unidos, essa situação atinge 29,2% da população pesquisada, e nos países da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico), ela só chega a 33,4%.
O professor Saumíneo Nascimento, doutor em Geografia e vice-presidente de Assuntos Institucionais do Grupo Tiradentes, define essa situação como um “ciclo vicioso” e acrescenta dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), que apontam a taxa de 6,7% de abandono entre os estudantes do Ensino Médio na rede pública e na faixa etária entre 15 e 17 anos – e que chega a 14,3% nos turnos noturnos destas escolas. E 52,6% dos brasileiros nesta idade não concluíram o ciclo de aprendizagem até o ensino médio, sendo em sua maioria o ensino fundamental. “Muitos não retornam aos estudos porque estão trabalhando ou procurando emprego, outra parte não estuda porque precisam se dedicar aos afazeres domésticos”, disse.
Para Saumíneo, essa situação tende a se agravar nas classes mais pobres da população, que enfrentam dificuldades de acesso à educação, mesmas dificuldades enfrentadas pelas gerações anteriores. “A baixa escolaridade dos pais em geral está relacionada à pobreza, decorrente de uma desigualdade histórica existente no nosso país. E as diferenças de oportunidades entre os mais ricos e os mais pobres afetam no quesito escolaridade, um pai e uma mãe que não tiveram a oportunidade de acesso aos estudos em níveis mais elevados possuem dificuldades em transmitir aos filhos, a importância e o valor do estudo para a vida social e as possibilidades e chances de progredir na vida, dificultando a mobilidade social”, ressalta o professor
O mesmo estudo do IMDS aponta um tempo maior de mobilidade social. Os brasileiros estão levando nove gerações para chegar à camada mediana de renda do país, muito atrasado em relação à média da OCDE (4,5 gerações) e à Dinamarca, líder do ranking de mobilidade social, onde a média da renda nacional pode ser alcançada em duas gerações. “Ou seja, o pobre ainda verá seu neto crescer na vida e seguramente verá seu filho ter chances que ele não teve. O Brasil está empatado, neste quesito, com a África do Sul e um pouco à frente da Colômbia, onde esse tempo chega a 11 gerações. Isto dificulta sonhar com uma vida melhor”, diz Saumíneo.
O quadro passa a ser mais agravado com os problemas causados pela pandemia, principalmente em escolas e redes públicas que ainda não tem estrutura tecnológica para a realização de aulas remotas. “Muitos estudantes dependem fortemente da aula presencial para um adequado processo de aprendizagem. Além disso, a maioria das escolas públicas não possuíam condições de adequação para um novo modelo de aula e aprendizagem e isto levou um tempo maior, agravando o abismo existente na educação dos que possuem mais renda em relação aos que dependem totalmente do ensino público”, alerta Nascimento, defendendo uma revisão das políticas públicas voltadas para a educação, com maior inserção tecnológica e motivacional aos alunos. Outra sugestão é realizar campanhas educativas nos municípios e estados, sobre a importância de continuar os estudos agora e ao longo da vida das pessoas, mesmo conciliando-os com o trabalho.
Ainda segundo Saumíneo, aumentar a escolaridade do brasileiro também passa por mais recursos públicos investidos na educação. E um passo importante nesse sentido já foi dado: a aprovação e o lançamento da nova versão do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb). “Foi definido que a contribuição da União aumentará gradativamente, até atingir o percentual de 23% dos recursos que formarão o Fundo em 2026. Este é um passo fundamental, mas temos que desenvolver mais ações em toda sociedade, valorizando e priorizando a educação como um bem intangível que precisamos consolidar em nosso país”, explica ele.
O papel da Academia
O vice-presidente diz ainda que as faculdades e universidades também têm papel na melhoria da escolaridade, incluindo as pessoas no mundo do trabalho, ofertando-lhes formação superior e posterior processo de registro profissional. “Elas devem buscar os sinais do mercado e ofertar os cursos e profissões mais demandadas, com formação atualizada e na vanguarda que o mercado exige”, pontua Saumíneo, destacando ações do Grupo Tiradentes que vem contribuindo para a melhoria da educação no Brasil e nos estados onde atua.
Segundo ele, as unidades da companhia têm realizado ações de vínculos diretos com os conselhos de classe para conhecer e saber a realidade do mercado de trabalho de cada profissão; além de desenvolver um programa de estágios e dar acesso a cursos superiores através de bolsas do PROUNI e vários tipos de financiamento estudantil.
Além disso, os cursos de mestrado e doutorado do Programa de Pós-Graduação em Educação (PPED) desenvolvem pesquisas para a melhoria da educação com estudos e aplicações diretas na sociedade. E o Tiradentes Innovation Center fomenta inovações e empreendedorismo no setor de educação, o que de acordo com Nascimento, “vem causando externalidades positivas no processo de educação de Sergipe e demais estados da Região Nordeste”. Isso permitiu a formação para docentes da rede pública e privada no uso de novas tecnologias educacionais, para que elas desenvolvam suas atividades na pandemia. “O Grupo Tiradentes incansavelmente busca a melhoria da educação no Brasil”, resumiu.
Asscom | Grupo Tiradentes