O dia 19 de junho é marcado pelas comemorações do Dia do Cinema Nacional. Foi nessa mesma data, no ano de 1898, que o italiano radicado no Brasil Affonso Segretto voltava para o Rio de Janeiro depois de uma temporada em Nova York. Ele trazia consigo um cinematógrafo, um aparelho utilizado para a captação de imagens. Na ocasião, o cineasta registrou imagens da Baía de Guanabara, na capital fluminense, sendo essas as primeiras filmagens feitas em território brasileiro.
O audiovisual da região Sudeste, em especial do Rio de Janeiro e de São Paulo, tem grande destaque, mas não só de produções sudestinas vive o cinema brasileiro. O estado de Pernambuco também tem grandes contribuições para a construção da sétima arte no país. Dentre elas, está o cineasta e diretor Guel Arraes. Nascido no Recife, Guel é responsável por obras renomadas nacionalmente, como “O Auto da Compadecida” (2000) e “Lisbela e o Prisioneiro” (2003). Os dois filmes, que são inspirados em textos do escritor e dramaturgo Ariano Suassuna, ganharam o imaginário e o coração do público brasileiro, além de diversos prêmios.
Kleber Mendonça Filho é mais um pernambucano responsável pela colaboração do estado no cinema brasileiro. “Bacurau” (2019), que foi co-dirigido pelo também pernambucano Juliano Dornelles, é uma das produções mais conhecidas de Kléber, inclusive internacionalmente. O longa fez sua estreia no Festival de Cannes e ainda ganhou o Prêmio do Júri no evento, além de vencer como Melhor Filme no Festival de Cinema de Munique, na Alemanha, e outras premiações mundo afora. Em eventos nacionais, vale destacar a vitória em seis categorias na edição de 2020 do Grande Prêmio do Cinema Brasileiro. “Aquarius” (2016) é mais uma obra de destaque de Kléber, com prêmios de festivais como de Sidney, Lima e Amsterdã.
“Amarelo Manga” (2002), do diretor caruaruense Cláudio Assis, também lança Pernambuco para os públicos do Brasil e do mundo. Premiado nacionalmente (Brasília, Fortaleza) e internacionalmente (Berlim, Toulouse), o longa reúne um elenco de peso, com Leona Cavalli, Matheus Nachtergaele e Dira Paes, os três nos papéis principais. Nachtergaele, inclusive, é mais conhecido por viver o famoso personagem João Grilo, em o “Auto da Compadecida”. “Amarelo Manga” é considerado uma continuação do curta-metragem “Texas Hotel” (1999), também de Cláudio Assis.
Em um universo predominantemente masculino, a cineasta recifense Kátia Mesel foi responsável por diversas conquistas para as mulheres no cinema, além de ajudar a inserir Pernambuco em um contexto nacional e internacional. Foi a primeira mulher a dirigir um filme no estado, e também a primeira a conseguir financiamento público e a participar de um festival de cinema, em 1973, com o filme “Rotor”. Com mais de 300 obras em seu currículo, a maioria curtas e documentários, Kátia acumula vários prêmios. “A Gira” (2008) foi premiado pela Fundação Palmares, e “Recife de Dentro pra Fora” (1997) já ganhou 26 prêmios, como Melhor Fotografia, no Festival de Gramado, e Melhor Documentário, no Festival de Curtas-metragens de Bilbao, na Espanha.