Engana-se quem pensa que a odontologia é responsável apenas por sorrisos bonitos e dentes brancos. A saúde bucal está associada diretamente com a saúde de ordem geral. Diversas doenças sistêmicas, aquelas que eventualmente afetam todo o organismo, podem ter origem em infecções orais.
Os atletas, profissionais ou não, devem estar ainda mais atentos a essa condição, pois exigem mais do seu corpo e necessitam de atenções especiais à saúde. Para este segmento de atuação existe a Odontologia do Esporte, cujo objetivo é investigar, prevenir, tratar e reabilitar doenças da cavidade bucal no desempenho dos atletas.
Por conta disso, alunos da graduação em Odontologia, da Faculdade Integrada de Pernambuco – UNIT tiveram a oportunidade de saber mais sobre uma das áreas com maior potencial de crescimentos nos próximos anos.
O encontro realizado na noite desta terça (12), na Unidade Caxangá, foi mediado pelo mestrando em Ortodontia e coordenador de Odontologia, do Clube Náutico Capibaribe, Dr. Ary Nunes.
De forma bastante elucidativa, o palestrante apresentou as especificações do ramo, abordando aspectos das alterações provocadas em atletas por conta de problemas no trato bucal, e as soluções desenvolvidas para maximizar o potencial esportivo.
“Cada esporte possui diferentes particularidades que alteram a capacidade fisiológica e a condição física dos seus praticantes. Todos os detalhes devem ser levados em consideração para que o atendimento odontológico seja oferecido de maneira otimizada e individualizada”, salientou Ary Nunes.
Também foram abordados casos práticos, como os dos jogadores Ronaldinho Gaúcho, Ronaldo Fenômeno, Rivaldo e dos atletas da Seleção Brasileira campeã da Copa do Mundo em 1958, que após tratamentos dentários puderam desenvolver suas carreiras minimizando o risco de lesões.
“Existem diversos fatores que relacionam a odontologia com a saúde geral do atleta, tais como: presença de focos infecciosos na boca prejudicando a preparação e recuperação de lesões musculares e articulares; doenças periodontais, que além de também serem focos infecciosos, contribuem para algumas doenças coronarianas, como a endocardite bacteriana; alterações na posição dos dentes que resultam em uma oclusão inadequada, resultado em alterações na respiração e postura corporal do atleta”, detalhou o especialista.
Outro foco do encontro foi à questão dos protetores bucais, que devem ser fabricados sob medida, e não comprados de indiscriminadamente em lojas de material esportivo. A razão seria a proteção aos dentes que torna-se mais eficaz quando produzidos pelos cirurgiões dentistas com materiais próprios para a absorção de impactos.
Ainda segundo o Dr. Ary Nunes, outros fatores podem influenciar em doenças do trato bucal em atletas:
– O consumo de isotônicos deve ser realizado com moderação, caso isso não ocorra diversas alterações dentárias podem ocorrer prejudicando a saúde bucal do atleta;
– A ingestão de alimentos e suplementos realizados pelos atletas tem uma frequência maior quando comparado a uma pessoa “comum”, por isso devemos estar atentos a higiene bucal e realizar visitas mais frequentes ao cirurgião-dentista;
– A presença do terceiro molar, o siso, incluso na cavidade oral pode aumentar o risco de fraturas mandibulares nos esportes de contato. Quando mal posicionado ou em processo de erupção, o siso pode aumentar o risco de infecções bucais pelo déficit na higiene bucal, causando a pericoronarite.
– As patologias ou disfunções da articulação temporo mandibular (DTM), articulação da mandíbula com o crânio, são mais frequentes nos atletas por efetuarem um apertamento oclusal, força excessiva dos dentes superiores contra os dentes inferiores, nos momentos de explosão muscular e por estarem mais expostos a níveis de estresse.