Uma profunda mudança na formação profissional de futuros odontólogos, incluindo uma nova grade curricular com o aumento da graduação para seis anos, e a mudança da nomenclatura do curso para Medicina Orofacial e do título de cirurgião-dentista para Médico Orofacial.
Essas transformações vêm sendo defendidas em todo o Brasil, por uma corrente de dentistas que pleiteiam a realização de debates envolvendo o meio acadêmico e sociedade, como forma de conscientizar sobre o aperfeiçoamento na formação, além de tentar sensibilizar os conselhos estaduais e federais de Odontologia.
Na Faculdade Integrada de Pernambuco – UNIT, o tema também vem sendo abordado na comunidade acadêmica, com destaque para duas alunas que tem “levantado a bandeira” da mudança e dos avanços na formação: as irmãs Thâmara Onofre (8º período) e Thaysa Onofre (10º período).
Ambas produziram um artigo onde destacam a importância do estágio em ambiente hospitalar para acadêmicos de Medicina Orofacial. O texto científico foi publicado no livro “Medicina Orofacial – De cirurgião-dentista a Médico Orofacial”.
A publicação impressa fundamenta as especificidades da área que tem por objetivo estudar, prevenir, diagnosticar e tratar as doenças, e demais condições da boca e suas estruturas anexas, bem como, da área extraoral do campo facial e das áreas crânio-cervicais associadas à face, além de procedimentos e técnicas de estética, segundo princípios da harmonização do rosto.
Segundo Thâmara Onofre, o interesse em saber mais sobre o tema surgiu em sala de aula. “Ao aprender que o cirurgião-dentista não trata, apenas, dos dentes, mas de todo o espaço anatômico abrangido pelo Sistema Orofacial (SOF), onde estão inseridos os campos dentários, oral/bucal ou estomatológico e facial ou facelógico, pude perceber o quão vasta é a área que escolhi para atuar”, explica a estudante.
“No que diz respeito à formação universitária, a mudança vai influenciar forte e positivamente nos futuros profissionais, uma vez que se propõe uma nova grade curricular, com o aumento do tempo da graduação para a inclusão de disciplinas médicas e estágio em âmbito hospitalar, com o objetivo de aperfeiçoar nos estudantes a visão da saúde geral do paciente”, complementa Thaysa Onofre.
O professor da graduação, Ildefonso Cavalcanti também defende a mudança do curso de Odontologia para Medicina Orofacial, mas ressalta que a discussão não é recente. “A questão é um pouco mais antiga do que se pensa, tendo os primeiros debates iniciado na década de 90. Porém, o escopo geral permanece o mesmo, com o novo curso constando das cadeiras hoje existentes, e tendo algumas outras, de aspecto mais geral, onde o paciente fosse enfocado em sua integralidade, sendo incluídas”, ressalta.
Ainda segundo o preceptor, “os três primeiros anos de curso seriam comuns, tanto para médicos quanto para médicos orofaciais. Nos outros dois anos, seriam vistas as matérias específicas da odontologia, e no sexto ano, os alunos fariam estágio hospitalar supervisionado. Isso hoje só acontece para aqueles que se dedicam à CTBMF, já em nível de pós-graduação”, complementa.
Outro grande questionamento a ser levantado é a adaptação que as faculdades serão obrigadas a passar para se adequar à uma nova realidade.
“Talvez haja a necessidade de um hospital específico para as doenças do complexo estomatognático. Novas grades curriculares com algumas matérias que, a despeito da evolução da Odontologia, continuam sendo negligenciadas. Hoje o cirurgião-dentista diagnostica, faz plano de tratamento, opera cirurgias de grande porte, prescreve drogas de efeitos gerais, e, apesar disso, não paga nenhuma cadeira relativa a exames laboratoriais. Isso de alguma forma deixa a desejar em sua formação geral”, finaliza o professor Ildefonso Cavalcanti.
Da Odontologia à Medicina Orofacial
às 17h45