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Multiculturalismo é tema de encontro com alunos de Direito

Profa. Mariam Matar falou diretamente dos EUA por videoconferência e contou sua experiência de vida

às 17h59
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Uma jovem nascida no Egito, criada até os 12 anos no Reino Unido, e que após uma decisão de seus pais de origem muçulmana, volta a morar em seu país natal, estudando e crescendo em escolas e universidades de língua inglesa.

Essa é a história da professora Mariam Matar, que atualmente realiza doutorado em Filosofia, em Nova York, e contou sobre sua história de vida a alunos do 1º período da graduação em Direito, da UNIT, em uma videoconferência realizada na manhã de hoje (19).

No encontro realizado na Unidade Madalena, mediado e com tradução simultânea da professora Clarissa Marques, o multiculturalismo e suas inúmeras facetas foram o tema do bate-papo, onde Mariam revelou o choque cultural no qual passou por assumir aos 16 anos, o uso de véu islâmico, e consequentemente, uma posição favorável ao islamismo, e posteriormente, ao deixar de utilizar o adereço.

“Além das diferenças culturais e econômicas, no Reino Unido nós éramos uma família de classe média comum, e no Egito, passamos a ser ricos. Havia ainda uma grande desigualdade no tratamento quanto ao gênero, quando os homens tinham mais direitos, inclusive para começar a dirigir mais cedo, enquanto as mulheres eram privadas de atividades comuns”, contou.

Ainda segundo Mariam, o uso do véu a fez realizar vários questionamentos pessoais, que mesclavam, a religião e a identidade cultural. “Ao andar na rua, usando a peça, sentia os olhares de pré-julgamento, por ser primeiramente mulher, e assumir minha religião. Além do preconceito, comecei a questionar porque apenas nós éramos “obrigadas” a utilizar e homens não. A partir desse momento, passei a não mais aceitar a diferença de gêneros. Foi libertador usar o véu, mas foi mais ainda, deixar de usá-lo”, explicou.

Outro ponto comentado na conversa com Mariam Matar, foi o posicionamento político e religioso, nos dois países, onde no Egito as pessoas não tem liberdade para questionar o sistema político, nem se posicionar, enquanto na Inglaterra, ocorre exatamente o contrário.

A “Era Trump”, também foi alvo do bate-papo por conta do discurso nacionalista do atual presidente norte-americano. “A partir do discurso carregado de falas absurdas e preconceituosas, os grupos ditos marginalizados, como os latinos, muçulmanos e a comunidade LGBT passaram a ser mais unidos, para reafirmar seus direitos e mostrar que também integram a sociedade”, comentou.

Ao final do encontro, Mariam perguntou aos estudantes o que achavam do atual cenário político do Brasil, permeados de escândalos diários e delações premiadas. Dentre as respostas, as que mais ganharam destaque foram as relativas ao impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, a corrupção, as novas regras da aposentadoria e a influência da mídia.

Em sua despedida, Mariam Matar, pediu que os jovens analisassem o contexto atual do país, avaliando o que estava certo e errado, e através do estudo e de uma participação efetiva, se tornassem a “cara da mudança” que a sociedade brasileira necessita.

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