ESTUDE NA UNIT
MENU

Índia Morena, a dama do circo pernambucano

A artista recifense iniciou a carreira aos 10 anos

às 14h43
Foto: Roberta Guimarães (do site Revista Continente)
Foto: Roberta Guimarães (do site Revista Continente)
Compartilhe:

Nascida Margarida Pereira de Alcântara, no dia 13 de julho de 1943, Índia Morena é uma das artistas circenses mais importantes do estado de Pernambuco, considerada, desde 2006, Patrimônio Vivo estadual. Na infância, pescava crustáceos nos mangues do bairro de Afogados, no Recife, para ajudar na renda da família. Aos nove anos, perdeu o pai, que inspirou o nome artístico por ser indígena, e, aos dez, foi adotada por Severino Ramos Lisboa (o Palhaço Gameloso) e Maria Tenório Cavalcanti, sua madrinha de crisma e proprietária do Circo Itaquatiara Real. Já tendo ganhado um concurso do Circo Democratas, Índia seguiu com os pais adotivos para a vida no picadeiro.

Em sua carreira, conheceu nove países, como Estados Unidos, Argentina e Paraguai, além de ter viajado por quase todo o Brasil. Fora o Itaquatiara, também fez parte de outros circos, como o Gran Bartolo, o Garcia, o Edson, o Águia de Prata, o Coliseu Mirim e o New American Circus. Consagrou-se como trapezista voadora e como a melhor contorcionista pernambucana. Também trabalhou como ginasta e cantora no Circo do Palhaço Violino, em Olinda. Por onde passava, Índia acumulava experiências e ia, cada vez mais, consolidando sua imagem de dama das artes circenses.

Personalidade e luta por direitos das mulheres

A personalidade forte e a fama de encrenqueira de Índia se mostravam desde cedo. Na escola, as professoras reclamavam de seu comportamento. Ainda criança, quando pescava no mangue, tinha que ir à maré buscar água de um chafariz, devido à falta de encanamento, e era discriminada pelos garotos por ser a única menina a fazer isso. A característica de brigona veio a calhar para a luta por mais espaço para os artistas circenses, em especial as mulheres, tendo sido ela a primeira a atuar no trapézio voador, equipamento antes usado apenas por homens.

A luta por direitos das mulheres também se refletiu na vida pessoal da artista. Quando trabalhava no Gran Londres Circo, antes chamado de Circo Edson, viveu um relacionamento abusivo, com violência e dependência emocional. Depois, Índica descobriu que havia sido traída e foi parar no hospital com uma pneumonia que lhe fez perder quase 20 quilos. Foi no Hospital Otávio de Freitas que conheceu o atual marido, Maviael, que estava internado com hemoptise. A artista fez uma promessa a Nossa Senhora da Conceição para que ele ficasse bom e, quando ele saiu do hospital, ela o levou ao circo, e conquistou o ex-cobrador de ônibus. Com o Circo Edson falido, o dono doou o negócio para Índia como pagamento, e Maviael acabou virando secretário.

O Gran Londres Circo acabou falindo em 2014, mas não sem antes percorrer a Região Metropolitana do Recife, em cidades como Jaboatão dos Guararapes, Paulista e Abreu e Lima. Por onde passava, juntava bandas locais e fisgava o público. Em 1993, Índia Morena fundou a Associação dos Proprietários e Artistas Circenses do Estado de Pernambuco (Apacepe), junto com o marido Maviael, que se tornou presidente.

Compartilhe: