A realização de um trabalho acadêmico exige uma metodologia, que consiste na maneira em que as informações necessárias para a construção da pesquisa serão coletadas. Existe uma série de métodos diferentes, que servem a propostas diferentes. Um deles é a entrevista, que, segundo Mário Gouveia, coordenador de Pesquisa e Extensão do Centro Universitário Tiradentes (Unit-PE) — localizado na Imbiribeira, ao lado do Geraldão — “permite que o pesquisador disponha de informações detalhadas e contextualizadas sobre o tema em foco, sobretudo no que concerne à compreensão de experiências, opiniões e percepções dos entrevistados”. Para a realização da entrevista, no entanto, é necessário ter algumas técnicas, afinal ela precisa de organização.
A entrevista, de maneira geral, é uma conversa. Mas ela se difere de um diálogo comum por alguns motivos: é conduzida por uma das partes, o tema é direcionado e os tópicos são previamente estruturados. Ou seja, enquanto uma conversa cotidiana não costuma ter um direcionamento temático definido e flui livremente à medida que as pessoas envolvidas falam, a entrevista tem o assunto bem recortado e uma das partes conduz esse fluxo das falas.
Montagem das perguntas
Como trabalhos acadêmicos precisam ter um tema bem definido, o estudante deve manter esse recorte em mente. “As perguntas precisam estar alinhadas tanto aos objetivos do trabalho quanto à linha de investigação escolhida pelo pesquisador e à revisão de literatura”, acrescenta Mário. É imprescindível não desviar do foco da pesquisa, para que todas as informações úteis sejam coletadas e não haja distrações com dados desnecessários. Isso precisa ser levado em consideração para a montagem das perguntas.
O roteiro de perguntas é crucial para uma boa condução da entrevista, evitando desvios do assunto, além de permitir que todos os tópicos sejam abordados. É fundamental não se esquecer de nenhum ponto e sanar toda e qualquer dúvida. O roteiro, por ser um guia, não precisa ser seguido tão rigorosamente: podem surgir novas perguntas ao longo da entrevista, e algumas outras podem se mostrar desnecessárias.
Quantidade de entrevistados
A quantidade de pessoas a ser entrevistada vai depender de alguns fatores, como o próprio tema da pesquisa. Alguns assuntos vão exigir uma quantidade mais exata, como, por exemplo, o número de usuários de aplicativos de delivery na cidade do Recife, apesar de que seria praticamente impossível conseguir entrevistar todos. Já outros temas não terão um contingente tão preciso. De qualquer forma, o ideal sempre será entrevistar o maior número de pessoas possível.
Preceitos éticos
Durante a entrevista, é necessário manter a ética e respeitar os entrevistados. Os participantes da pesquisa têm direito à privacidade e à confidencialidade e merecem ter esses direitos garantidos. O pesquisador precisa compreender isso e respeitar quaisquer limites impostos. “Também é importante que o pesquisador explique claramente os objetivos e procedimentos a serem realizados na entrevista, além de obter o consentimento do entrevistado”, complementa Mário.
O especialista lembra ainda que qualquer pesquisa que envolva seres humanos precisa ser aprovada por uma comissão de ética. “Esta é uma medida fundamental para garantir que os direitos, bem-estar e dignidade dos participantes sejam protegidos”, defende. Além disso, a comissão avalia se há riscos aos participantes, se os procedimentos informados são claros e adequados e também se os potenciais benefícios justificam a realização da pesquisa.
Análise dos dados
Após a coleta dos dados, é hora de observar os resultados. “Os estudantes devem analisar as informações de forma crítica e reflexiva, identificando padrões, tendências e insights relevantes para a pesquisa”, pontua Mário. A forma como a entrevista foi aplicada vai influenciar nesse processo. Caso tenha sido feito um formulário online, basta avaliar as respostas recebidas. Mas, em caso de entrevistas presenciais, ajuda bastante a gravação da conversa e a transcrição das respostas, para facilitar a análise.