Em tempos de alta do desemprego junto a inflação recorde que ultrapassa os dois dígitos, a fome se espalha pelo país, conforme levantamento da Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan). A pesquisa revela que a instabilidade política e econômica do país é o principal fator gerador da fome.
A sucessão de políticas exclusivas dos mais necessitados como a minoração dos programas de distribuição de renda e combate a fome como o Bolsa Família e o Brasil Sem Fome, além da chegada da pandemia da Covid-19, empresas fecharam, dando fim a milhares de vínculos formais de trabalho, quebrou o pequeno e médio empreendedor e levou cerca de mais 9 milhões de brasileiros à linha da fome nos últimos dois anos. Segundo especialistas, a acentuação da fome está também relacionada a má utilização dos recursos naturais e a falta de incentivo à agricultura familiar.
A constituição federal assegura que a alimentação é um direito social, ou seja, direito mínimo para a garantia do bem estar e saúde dos cidadãos brasileiros, no entanto, não é o que se vê nos centros urbanos, periferias e zonas rurais, dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostram que a população de rua estimada em 222 mil no país em 2020 aumentou com os efeitos da pandemia. E em dados mais atualizados da pesquisa divulgada no último trimestre de 2021 do “Inquérito Nacional Sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil” da Rede Pessan (Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional), o número de brasileiros que passam mais de 24 horas sem comer atingiu 20 milhões.
Os movimentos sociais que ajudam a minimizar a fome por todas as regiões do país, como é o caso da CUFA (Central Única das Favelas), afirmam que a necessidade é de não somente combater a fome, mas também garantir acesso a alimentos de boa qualidade.
As regiões norte e nordeste registram dados mais alarmantes no mapeamento nacional da fome, somente no nordeste do país quase 8 milhões de pessoas passam fome, no norte 14% da população também não têm o que comer. Já a renda brasileira está concentrada em 10% da população domiciliada no sudeste do país. Diretórios de movimentos sociais apontam que somente uma política incisiva de redistribuição de renda, taxação das grandes fortunas e heranças, além da volta de programas de combate à miséria para ajudar a sanar o retrocesso que o levou ao mapa da fome.