Desde a chegada da Internet e, posteriormente das redes sociais, as opiniões podem ser emitidas de forma cada vez mais livre, em nome da liberdade de expressão, levando algumas pessoas a agirem como se o ambiente virtual fosse uma “terra de ninguém”. Ao emitir uma opinião ou postar algo considerado polêmico ou até mesmo que seja contrário ao pensamento de algum grupo determinado, logo essa postagem será alvo dos chamados haters, pessoas que reagem de forma agressiva e ofensiva, apenas por discordância.
A professora Vladya Lira, do curso de Psicologia do Centro Universitário Tiradentes (Unit Pernambuco), considera essa atitude um tipo de violência e não se deve reagir a ela, evitando se envolver com o enfrentamento. “O alvo do outro provavelmente não é quem recebeu a mensagem mas apenas a disseminação do ódio, independente de quem seja. Não é alguém que convive com a vítima, então é preciso ter muita consciência de que é uma opinião que não vem de alguém que te conhece integralmente”, orienta.
Na internet, há conteúdo para todos os gostos e espaço para todos. Hoje, qualquer pessoa pode se tornar um “influencer digital“, e isso pode provocar boas discussões sobre temas relevantes, desde a política às dancinhas com trechos de música, chamadas “trends”. Quando alguém se torna vítima, a psicóloga orienta que” o que ocorreu seja dividido com alguém de sua confiança para ampliar e, assim, ‘escutar’ o que de fato os haters estão querendo, que normalmente é ofender gratuitamente, ridicularizar, etc”. Para ela, “será muito difícil para quem usa a Internet escapar deles, porque é um fenômeno incompreensível”.
O comportamento negativo dos “haters” acaba gerando, em muitos casos, o chamado “engajamento”, que é a interação entre pessoas ou grupos que integram as redes sociais. E esse é um dos itens mais buscados pelos blogueiros, criadores de conteúdo e marcas, pois por ela pode se medir o sucesso de um perfil.
Críticas são diferentes
As críticas negativas são muito importantes para o crescimento e podem promover melhorias na forma de produzir algo e sempre é bom prestar atenção nelas. Diferentes dos comentários com conteúdo ofensivo e de ódio, estes não devem ser rebatidos, pois têm a finalidade deliberada de desqualificar e inferiorizar.
“Existem atitudes que minoram a ação desses haters. Não responder é a principal, pois o silêncio significa que não entrou no jogo; moderar os comentários também é uma saída, assim como apagar esses comentários para desincentivar que aconteçam. Eles querem visibilidade e, assim, não têm atenção. Outra boa atitude é responder ou comentar as interações positivas para tornar as ofensas menos visíveis”, diz Vladya.
Como um dos intuitos dos disseminadores de ódio é provocar uma desestabilização emocional, a recomendação é que não tome para si as ofensas, deixando que afete e atinja sua saúde emocional. “Essas pessoas simplesmente não estão felizes e satisfeitas com o êxito, conquista ou felicidade de outra pessoa. Não se pode fixar ser atingido por elas, por isso a necessidade de apagar esse tipo de comentário. Tirá-lo da mente e de circulação na rede facilita muito as coisas”, observa a psicóloga.
Outro caminho a ser seguido é permitir a responsabilização jurídica dos haters, uma vez que a Internet e as redes sociais possuem “regras de convivência” e outra definidas pela própria legislação do país, que já existe para proteger as pessoas que dela fazem parte. isso porque o comportamento dos haters, muitas vezes, acabam incorrendo em crimes previstos no próprio Código Penal, como racismo, homofobia, calúnia, difamação, injúria, incitação ao crime e ameaças, além da propagação de fake news. São casos mais graves, que podem ser denunciados à Polícia e motivar ações por danos morais no próprio Judiciário.
Asscom | Grupo Tiradentes