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Juventude atual percebe a política de forma diferente das gerações anteriores

Fatos políticos recentes aumentaram interesse do brasileiro pelo tema; para professor da Unit; falta mais educação política, que deve acontecer nas salas de aula

às 23h25
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Falar sobre política não é a preferência da maioria dos brasileiros. Em qualquer situação, seja numa roda de amigos ou nos almoços em família, este nunca é um dos itens colocados em pauta. E quando discutido provoca diversas discordâncias. Entretanto, ela é muito importante para todos os setores da vida dos cidadãos. Etimologicamente, política é a junção das palavras gregas “polis”, que significa cidade, e ‘tikos”, coisa pública. Logo, a palavra faz referência aos bens públicos da cidade, ou seja, de todos. 

O professor Fran Espinoza, do Programa de Pós-Graduação em Direitos Humanos (PPGD) na Universidade Tiradentes (Unit Sergipe), explica que os três pilares da política são a resolução de conflitos, a tomada de decisões e o poder, e acredita que o grande problema  do povo brasileiro é a falta de instrução  sobre o que é, de fato, política. “As são condicionadas por suas próprias histórias de vida, situação sócio-econômica, localização geográfica, educação a qual tiveram acesso e suas experiências individuais influenciam em sua visão sobre a política”, destaca ele.

Espinoza, que é PhD em estudos internacionais pela Universidad de Deusto (Espanha), destaca que, até pelo menos 10 anos atrás, não se falava de política no Brasil, porque a sociedade estava interessada em outras coisas. “Temas mais amenos como o Carnaval, e o futebol eram mais frequentes e interessantes, mas de repente o cenário brasileiro mudou. Saíram à luz grandes escândalos de corrupção, o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, e também grandes mobilizações sociais a favor e contra sua destituição. Depois disso, o, de um momento a outro o povo brasileiro ficou polarizado”, avalia.

Uma pesquisa recente lida pelo professor sobre a percepção dos jovens latinoamericanos sobre política apontou que as formas de participação dos jovens estão sendo transformadas. “Eles participam de partidos políticos, movimentos sociais, organizações estudantis e sindicatos. A pesquisa dizia ainda que as novas gerações estão inseridas em contextos políticos e econômicos diferentes das gerações anteriores que viveram em governos autoritários e ditaduras. E o contexto latinoamericano está novamente em mudança, pois estão aparecendo velhas formas de autoritarismo com novos discursos”, exemplifica.

Para o professor, a educação para a política é necessária, o que ele ilustra citando o famoso poema “O Analfabeto Político”, do alemão Bertold Brecht (1898-1956). “O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos”, diz um trecho. 

Espinoza acrescenta que o melhor caminho para melhorar essa educação política é estimular essa discussão e participação nas escolas e universidades. “Na academia é preciso formar novas lideranças especialistas em política, não para formar quadros políticos, isso acontecerá em um segundo momento como consequência da educação política. Por agora devemos abrir o debate nas salas de aulas para multiplicá-lo e reverberar em toda sociedade”, conclui. 

Asscom | Grupo Tiradentes

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