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Isolamento internacional do Brasil pode trazer consequências

Professores da Unit avaliam que as posições do país diante da pandemia afastam outras nações e podem trazer consequências nos âmbitos político, econômico e social

às 21h25
O Palácio Itamaraty, sede do Ministério das Relações Exteriores, em Brasília (Divulgação/MRE)
O Palácio Itamaraty, sede do Ministério das Relações Exteriores, em Brasília (Divulgação/MRE)
O professor Fran Espinoza, do Programa de Pós-Graduação em Direito (PPGD) da Unit Sergipe
A professora Vivianny Galvão, do Programa de Pós-Graduação em Sociedade, Tecnologias e Políticas Públicas (Sotepp), da Unit Alagoas
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A forma como o Brasil está lidando com a pandemia do coronavírus já começou a criar consequências para as relações internacionais do Brasil e para a imagem do país no exterior. Diplomatas de outros países, organizações internacionais e jornalistas que cobrem a área afirmam que o Brasil vem sendo, cada vez, mais isolado por outras nações, que evitam manter relações diplomáticas muito próximas. A condição é atribuída não apenas ao atraso nas campanhas de vacinação e aos altos números diários de mortes e contaminações, fatos que já fizeram outros países suspenderem viagens ou adotarem quarentenas para pessoas vindas do Brasil. Outro motivo citado está nos posicionamentos defendidos pelo governo federal, que diverge das medidas de isolamento social adotadas por prefeituras e governos estaduais

“O isolamento é sempre uma escolha política do país por determinados posicionamentos. Não podemos esquecer que a política externa é uma política pública, idealmente uma política de Estado. Contudo, muitas vezes ela se transforma em uma política de governo, refletindo escolhas a curto prazo”, analisa a professora Vivianny Galvão, do Programa de Pós-Graduação em Sociedade, Tecnologias e Políticas Públicas (Sotepp), da Universidade Tiradentes (unidade Alagoas). 

A situação de isolamento do Brasil se intensificou com a pandemia e com as acusações do governo brasileiro à China, pela suposta criação e disseminação do coronavírus, causando uma crise diplomática. Para o professor Fran Espinoza, titular do Programa de Pós-Graduação em Direito (PPGD) da Unit (unidade Sergipe), o Brasil não foi o único país a adotar essa linha de atuação. 

“No atual contexto da pandemia, os países da União Europeia mostraram como a diplomacia internacional pode funcionar. Inicialmente cada Estado determinou as normas de isolamento social, segundo o incremento dos contagiados, mas de forma coordenada implementaram políticas de fechamentos das fronteiras e se uniram para buscar vacinas contra a Covid-19. Já outras nações se recusaram a cooperar e culpabilizaram a China por ter permitido que a doença se espalhasse pelo mundo”, disse Fran, acrescentando que “o isolamento de um país pode acontecer quando as próprias autoridades políticas participam dessa dinâmica”. 

Consequências

Uma das consequências, de acordo com Vivianny, apareceu no enfrentamento à pandemia do coronavírus, com o Brasil sem participar diretamente de decisões mundiais relacionadas à vacinação contra a doença. “Quando nos isolamos das demais democracias, ficamos de fora de espaços de decisão relevantes. Também perdemos financiamento internacional em razão da nossa política ambiental atual. Isso fortalece a chamada paradiplomacia. Um reflexo é o fortalecimento de outros atores. Costumamos dizer que não há lacuna nos espaços de poder”, afirma, referindo-se a contatos feitos por governadores e presidentes do Poder Legislativo com embaixadores de países como China, Índia, Alemanha, Noruega e EUA.  

Já para Fran Espinoza, as consequências do isolamento para o Brasil podem ser ainda maiores, inclusive no cenário doméstico. “Os conflitos entre governo e oposição podem favorecer a polarização política que, por sua vez, pode terminar afetando a democracia interna. No âmbito econômico, pode bloquear acordos comerciais (importação e exportação). E no âmbito social, podem aparecer alguns problemas. Por exemplo, aumento da xenofobia e racismo contra determinados grupos sociais”, ressalta ele. 

Os professores concluem que o Itamaraty, como é conhecido o Ministério das Relações Exteriores, deve exercer um papel importante para contornar os problemas na diplomacia. Fran exorta que o Itamaraty “é responsável pelo assessoramento do presidente” e “deve desenhar e elaborar políticas para que o país continue sendo a referência da diplomacia na região latino-americana, e procurar excelentes relacionamentos com os organismos internacionais”. Entretanto, Vivianny pontua que “a diplomacia é um instrumento e é orientada pela política externa, ou seja, pelas escolhas do Estado”.

Ascom | Grupo Tiradentes 

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