Eles fazem parte do passado do Recife e ainda estão memória de muitos recifenses. Os ônibus elétricos, conhecidos como “trólebus”, foram amplamente utilizados e vistos na capital por um período de 45 anos. Eles funcionaram de 13 de maio de 1960 a 24 de setembro de 2001, atendendo a vários bairros da cidade, como os do entorno da Avenida Caxangá, Encruzilhada, Casa Amarela, Boa Vista e Torre. A história, apesar de longa, acabou por questões técnicas, pelo que se sabe.
Com a escassez do petróleo – principal fonte da matriz energética mundial e que tende a se esgotar em aproximadamente 50 anos – será que esse tipo de transporte pode voltar a circular em vias da capital pernambucana? Até como uma alternativa de utilização de energia mais limpa e sustentável ao planeta. Pelo menos já existem veículos automotores alimentados por energia elétrica, os chamados carros elétricos.
No mundo
Apesar de ser visto como um transporte do passado, muitos países continuam utilizando. Estados Unidos, Canadá e grande parte da Europa ainda possuem os trólebus. No Brasil, eles estão usados em São Paulo, por exemplo, e vistos como uma boa alternativa sustentável, diante do aumento do preço dos combustíveis e a possível escassez do petróleo. Eles não emitem gases poluentes, são menos barulhentos e mais econômicos, mas têm seus pontos negativos em comparação com os tipos de ônibus tradicionalmente usados hoje em dia.
Como eles usam a energia elétrica das ruas para funcionar, algumas complicações podem surgir, como o alto preço das baterias. Elas duram pouco em relação à vida útil dos veículos, podendo ser, em longo e cumulativo prazo, um gasto muito alto. Também em relação à bateria, elas devem ser reabastecidas algumas vezes por dia, à medida que os quilômetros são rodados. Essa troca geralmente leva de quatro a cinco horas, atrasando as viagens. Outro ponto é que no trânsito ele fica deslocado em meio aos outros veículos.
História
No Recife, os trólebus chegaram famosos e, inicialmente, todos achavam que tinham vindo para ficar. Em 1960, na sua chegada, existiam mais de 160 nas ruas, com várias frotas e adesão da população. Porém, na década de 90, o transporte que era o “queridinho” se viu perdido em meio à tecnologia e transformações: a falta de manutenção e a chegada de veículos melhores contribuíram para o desaparecimento deles, passando para apenas 49 trólebus em circulação. Os acidentes com choque foram decisivos para o fim dos ônibus elétricos na capital.
Por causa da chuva ou quaisquer outros problemas de manutenção, muitas pessoas levavam choques elétricos e essa combinação colocava em risco a saúde – e a vida – de muita gente. Assim, em 2001, grupos de usuários se juntaram e fizeram protestos para que o transporte fosse erradicado, o que aconteceu no mesmo ano. Outros transtornos também incomodavam bastante, como o motorista sair muitas vezes do veículo para arrumar os cabos fora e também o congestionamento quando faltava ou tinha alguma queda de energia.
Futuro
Atualmente, com o avanço da tecnologia, os trólebus mudaram. Muitos deixaram de utilizar a fiação da energia e passaram a utilizar apenas baterias – e estas são cada vez mais rentáveis. Já para os que ainda utilizam os fios elétricos, outra coisa também mudou: os cabos não se soltam mais porque os materiais são produzidos com mais flexibilidade e resistência, não atrasando a viagem e nem atrapalhando o motorista. A questão da sustentabilidade também sempre vem à tona na avaliação, já que gases poluentes não são emitidos, melhorando a qualidade de vida e gerando efeitos positivos para o planeta.
Agora, o momento é de planejar e pensar em projetos, como por exemplo, pistas exclusivas para os ônibus elétricos, calcular investimentos para as baterias – que só duram de 5 a 8 anos -, e analisar a economia. Porém, não é de se negar que transportes alternativos, principalmente nos dias atuais, devem ser pensados, já que a poluição, o tráfego de automóveis e a alta dos combustíveis são pontos reais e visíveis.