Mesmo com diversos avanços na equidade de gênero nas últimas décadas, o Brasil ainda enfrenta problemas em inserir as mulheres em diversos âmbitos sociais, como no mercado de trabalho ou na política, por exemplo, mas também no campo científico. A produção de conhecimentos e de ciência sempre foi um lugar mais reservado aos homens, inclusive pela dificuldade que as mulheres enfrentavam para conseguir estudar. De acordo com Clarice Spencer, que faz parte da Coordenação Experiência Extensionista do Centro Universitário Tiradentes (Unit-PE), o campo da ciência e da pesquisa, por muito tempo, foi um lugar de privilégio de gênero. “A mulher vem desbravando e ocupando aos poucos o seu lugar enquanto cientista”, afirma.
Em 2020, de acordo com um relatório da Agência Brasil, a presença feminina na ciência gira em torno de 20% no mundo inteiro. Já no Brasil, segundo dados de um levantamento da UERJ, entre 2004 e 2020 houve um aumento discreto da participação feminina em mestrados (2%), doutorados (3%) e docência (5%). Além disso, os dados também revelam que em apenas cerca de um terço (34%) das áreas do conhecimento têm equidade de gênero ou quantidade superior de mulheres entre professores de pós-graduação.
Clarice também destaca que a presença de mulheres na ciência proporciona diversos benefícios sociais, políticos, econômicos e tecnológicos. “A carreira de cientista é fundamental para o progresso”, ressalta. Nise da Silveira, por exemplo, foi a única mulher a se formar na sua turma de medicina, em 1926, e revolucionou tratamentos psiquiátricos. Mais recentemente, Jaqueline Goes de Jesus foi a cientista que sequenciou o genoma do vírus causador da Covid-19, possibilitando a produção das vacinas.
Outro fator que exemplifica a relevância da presença de mulheres na ciência é a própria diversidade. Segundo dados do evento Gender Summit, que ocorreu em 2021, quanto mais mulheres cientistas, mais qualidade tem a pesquisa. E isso ocorre por causa da diferença de ideias. Se um grupo de cientistas é formado por muitas pessoas parecidas, a pesquisa não vai considerar outros pontos de vista e, portanto, não vai conseguir alcançar tantos resultados.