Ligar a televisão ou celular e identificar a paisagem de Pernambuco – as ruas de uma cidade, o litoral, a cultura e a região – pode ser fantástico. Ver, através das lentes de um diretor ou produtor cinematográfico, esse cenário, só mostra a importância da difusão da cultura pernambucana, ressaltando a representatividade e o próprio reconhecimento. Afinal, reconhecer-se na tela, seja na avenida que se passa todo dia ou na gíria que é falada, só mostra a reafirmação – e até mesmo orgulho – de ser pernambucano. E o cinema projeta esse cenário.
Revirando o acervo, há diversas produções made in Pernambuco que já se espalharam até pelo mundo afora. São longas, curtas, documentários nativos e gravados no Estado para serem exibidos em outros territórios. Sem falar de olhares estrangeiros que vêm captar perspectivas, depoimentos, cultura e histórias na terra dos altos coqueiros. Dessa efervescência, surgiu até festivais pernambucanos como o Cine PE, com filmes locais, nacionais e internacionais. Outro é o FestCurtas Fundaj, festival nacional de curtas do Cinema da Fundação, que está na segunda edição e aconteceu recentemente, entre 28 de julho e 02 de agosto.
Entre os nomes locais que se destacam no mundo do cinema pernambucano estão Kleber Mendonça Filho, Gabriel Mascaro, Hilton Lacerda, Daniel Aragão e Leonardo Lacca.
Longas marcantes
Os longas que retratam Pernambuco são marcantes. Eles atravessam as barreiras do comum e mostram singularidade, críticas sociais e representatividade. Esse é o caso de ‘Aquarius’, filme de 2016, do diretor recifense Kleber Mendonça Filho. Todas as filmagens aconteceram em vários bairros de Recife e litoral.
A produção retrata a história de Clara, que mora no edifício Aquarius, localizado na orla de Boa Viagem. Ela é a última moradora do prédio, que está sendo vendido para outra construtora de renome e que tem planos de demolir a construção. O longa retrata o luto, a nostalgia e a vida íntima de uma mulher da terceira idade – e teve reconhecimento mundial, com prêmios no exterior.
Recife Assombrado
O diretor Adriano Portela produziu um filme bastante criativo: ‘O Recife Assombrado’, um thriller com muita tensão e suspense, que retrata lendas urbanas pernambucanas, como perna cabeluda, papa-figo e galega de Santo Amaro. Além delas, lugares assombrados também ganham espaço: a Praça Chora Menino, na Boa Vista, e a Cruz do Patrão, no Bairro do Recife. As gravações foram todas feitas na cidade, mostrando todo o visual urbano e da cultura do Recife.
O filme ‘Tatuagem’, de Hilton Lacerda, também chama atenção para o lado cultural. retratado em 1978, ele mostra um grupo de artistas que provoca a moral e os bons costumes pregado pela ditadura militar. As gravações foram feitas no Recife, Olinda e Cabo de Santo Agostinho.
Curtas
Pernambuco tem grande conteúdo de filmes curta-metragem. Um que ganhou bastante popularidade e reconhecimento mundial, com mais de 50 prêmios no Brasil e no exterior, foi ‘Recife Frio’, estreado em 2009 e de direção do recifense Kleber Mendonça Filho. O curta, estilo documentário ficcional, fala sobre uma frente fria e alteração climática que aconteceu na cidade do Recife, mudando a rotina e a sociedade. Porém, vai mais além – ele usa o clima para evidenciar a desumanização da sociedade.
Outro curta com projeção foi a animação ‘Salu e o Cavalo Marinho’, de Cecilia da Fonte, lançado em 2014. O filme conta a história de Mestre Salustiano, o famoso artista pernambucano. Na produção, é contada a história de sua infância e mostra que ele sonha em participar de um grupo de Cavalo Marinho, folia típica da região onde mora.
Salu e o Cavalo Marinho foi considerado o Melhor Roteiro no Festival de Cinema de Caruaru (PE), Melhor Animação Infantil no Festival Animecê (Brasília), Melhor Roteiro de animação no Curta Amazônia Mundi (RO) e Melhor Animação da 14ª Mostra de Cinema Infantil de Florianópolis.
Já o documentário ‘As Calungas da Mãe Elda’, dirigido por Leila Gibson Leal, mostra o ambiente a cultura do universo da Rainha do Maracatu Porto Rico, de Recife. As gravações aconteceram no período do Carnaval de 2021, no Pina, na sede do Maracatu. Ele expõe todo o universo artístico e instrutivo do ambiente, informando sobre as práticas e rituais do maracatu.