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Plataformas roubam a cena no Globo de Ouro e disputam espaço com estúdios

Netflix vence nove categorias e conquista espaço até com produções nacionais; professor da Unit atribui feito à qualidade, estrutura e técnicas usadas no cinema

às 21h24
Reprodução/NBC
Reprodução/NBC
Cristiano Leal, professor do curso de Publicidade da Unit Sergipe
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As novas plataformas digitais de vídeo chegaram para ficar no ramo cinematográfico em todo o mundo. A conclusão pode ser tirada a partir dos resultados do Globo de Ouro 2021, prêmio concedido pela Associação de Imprensa Estrangeira de Hollywood aos melhores trabalhos do ano no cinema e na televisão, e considerado uma prévia do Oscar. A lista de ganhadores confirmou a hegemonia da Netflix, que foi premiada em nove categorias, incluindo as de melhor série dramática, com “The Crown”; melhor roteiro, com “Os 7 de Chicago”, e melhor minissérie, com “O Gambito da Rainha”. 

Os resultados foram anunciados no último domingo, 28, numa cerimônia que, por conta da pandemia, foi transmitida de dois locais diferentes: o Beverly Hilton Hotel, em Los Angeles, e o Rockefeller Center, em Nova York. Parte dos indicados e convidados participaram da cerimônia presencialmente, compareceram em ambos os locais, mas outros entraram virtualmente, por chamada de vídeo, falando de suas casas. Essa tendência deve ser seguida pela cerimônia do Oscar, marcada para o dia 25 de abril e cujo formato já foi anunciado pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood. 

“De certa forma, esse formato já é uma experimentação, um tubo de ensaio para o Oscar, que também vai ser assim e, em breve, estará no ar. Ele será transmitido pela internet, pela televisão, para o mundo inteiro, mas terá também vários pólos de transmissão, ou seja, vários locais estarão transmitindo o evento, mas será tudo online”, prevê o professor Cristiano Leal, do curso de Publicidade e Propaganda da Universidade Tiradentes (unidade Sergipe). 

No entanto, ele não acredita ser este o formato definitivo de espetáculos. “Talvez alguns módulos online possam permanecer, como no caso de uma pessoa que não pode comparecer à cerimônia porque está muito longe. Mas provavelmente, depois de 2022, esse tipo de evento passará a ser presencial ou semipresencial”, disse Leal, referindo-se ao que pode ocorrer depois do controle total do coronavírus. 

Já as plataformas digitais cresceram muito em estrutura e audiência, principalmente durante a pandemia, que acelerou o processo de digitalização do audiovisual. Isso lhes permitiu uma entrada mais firme no ramo cinematográfico, com produções que competem em pé de igualdade com os grandes estúdios do ramo. “A Netflix, como já tinha uma estrutura bem montada para fazer seriados, transpôs para filmes, que não foram feitos para lá, mas têm qualidade de cinema. É um filme que você pode assistir normalmente em uma tela grande, que não vai ter a menor diferença. E são produções com todo o aparato cinematográfico que eles têm à disposição, atores e diretores de primeira linha”, destacou Cristiano. 

Um exemplo dos talentos de Hollywood que aderiram às plataformas é o diretor Martin Scorsese, de ‘Os Bons Companheiros’, que lançou no ano passado pela Netflix o longa ‘O Irlandês’ e quase faturou o Globo de Ouro 2020. Entre os atores e atrizes, destaca-se Gillian Anderson, que marcou época com a personagem Dana Scully, da série ‘Arquivo X’. Ela venceu o Globo deste ano na categoria Melhor Atriz Coadjuvante em papel para TV, com sua participação em ‘The Crown’, interpretando a ex-primeira-ministra britânica Margaret Thatcher. 

Para o professor da Unit, a entrada das plataformas digitais quebrou um paradigma de que, para um filme ter chances de indicação a um prêmio como o Oscar, ele precisaria ser lançado por estúdios de cinema tradicionais ( Warner, MGM, 20th Century Fox, etc) ou independentes. “Antes esse filme teria que ser lançado nos cinemas e agora eles lançam direto no computador, no tablet, no celular, no notebooks das pessoas. Evidente que vai ter muitas queixas por conta disso. Eu acredito que isso venha trazer algum prejuízo, mas só o tempo dirá”, analisa, ressaltando que as plataformas estão mais focadas na produção de seriados e especiais, e menos nos longa-metragens. 

Made in Brazil

O processo de transformação do audiovisual, destacado por Cristiano, atraiu outras grandes empresas do audiovisual, que criaram suas próprias plataformas digitais para divulgar séries e filmes, como a Disney (que criou a Disney Plus). No mercado brasileiro, a TV Globo também apostou no ramo com a Globoplay e suas séries exclusivas, e outras plataformas surgiram para a divulgação de produções nacionais, como a Belas Artes, permitindo a exibição de filmes e a abertura de salas virtuais de discussão. 

A Netflix também apostou em produções brasileiras como “3%”, “Coisa Mais Linda”, “Bom-Dia, Verônica” – vencedora de três categorias do último Prêmio APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) – e Cidade Invisível”, que foi lançado há três semanas e foi bem-recebido pelo público e pela crítica. “É seriado, mas usaram equipes de cinema pra isso. São produções muito bem-feitas. Se você condensar aqueles episódios todos em duas horas, daria um longa perfeito para colocar no cinema, pelos valores de produção, pelo tipo de roteiro, pelos atores, pela direção.”, elogia o professor.

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