A publicidade pode ser vista como um dos ramos profissionais que mais reúne talentos e valoriza a criatividade. Por ser comunicação, ela propaga tanto um produto como uma ideia. Pode ser didática, educativa, influenciadora e estímulo para hábitos nem sempre positivos. Seu poder é proporcional à responsabilidade e não à toa, os seus impactos são amplamente estudados e pesquisados.
Antropólogos e historiadores estão entre as muitas áreas do conhecimento que investigam para buscar entender este dispositivo de comunicação. Publicidade e Propaganda, em seus diferentes formatos, são um grande sistema de compartilhamento de significados, que podem ser atribuídos a produtos, bens, serviços, estilos de vida e pessoas.
Como narrativa, ela dá voz ao fenômeno do consumo. Bebida, cigarro e remédios ou, por outro lado, saúde, bem-estar, moda e diversão. Tudo vira propaganda se o objetivo é convencer para o consumo. Essa dinâmica torna a publicidade o alvo de muitos críticos, que problematizam a influência de sua linguagem na cultura e na sociedade de um modo geral. O modo como ela pode ditar identidades, status, modelos e condutas tornou-se para muitos uma fonte de preocupação.
O mundo dos anúncios, com seus estímulos visuais e conteúdo emocional, diz quais são os imperativos de felicidade a serem perseguidos, bem como os padrões de beleza estética ou ainda a forma como a mulher foi e ainda é representada. Historicamente, a indústria da publicidade, com a sedução exercida pelos anúncios e sua importância para o sistema capitalista enseja pressões sociais e psicológicas no comportamento coletivo. Intimamente ligada ao seu contexto social e histórico, ela evolui à medida que a sociedade também se transforma em seus conceitos, valores e demandas.
Exemplos
Inúmeros trabalhos e pesquisas têm apontado fatores preocupantes decorrentes da exposição à publicidade e sua atratividade. A publicidade de bebidas alcoólicas, por exemplo, está relacionada com uma maior expectativa de consumo futuro e com um consumo maior e mais precoce, principalmente entre adolescentes e adultos jovens, público preferencial das campanhas. No Brasil, a publicidade de álcool, principalmente cerveja, é livre e bastante apreciada por sua qualidade e criatividade.
Já as propagandas de cigarro foram proibidas na televisão, através de uma lei federal promulgada no ano 2000. Uma pesquisa da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, divulgada em 2013, apontou que, de 1989 e 2010, mais de 30% dos brasileiros deixaram de fumar depois que medidas restritivas à propaganda de cigarros em veículos de comunicação de massa entraram em vigor.
Outro exemplo é a propaganda destinada ao público infantil. O instituto Alana, por exemplo, criado em 2006, desenvolveu o programa Criança e Consumo com o objetivo de debater as questões relacionadas à publicidade dirigida às crianças, buscando caminhos para minimizar e prevenir os prejuízos decorrentes da comunicação mercadológica e massiva. Atuando em diferentes esferas, também recebe denúncias de publicidade abusiva dirigida aos pequenos e trabalha por meio de ações jurídicas, pesquisa e educação para influenciar a formulação de políticas públicas a esse respeito.
Responsabilidade
A interação entre o discurso publicitário e a sociedade incita reflexões sobre as futuras práticas e contribui para a transmissão de conhecimentos e constituição de princípios éticos profissionais, além de oferecer componentes para ponderar a vida social e a produção de subjetividades.
O Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar) é o órgão responsável por “impedir que a publicidade enganosa ou abusiva cause constrangimento ao consumidor ou a empresas e defender a liberdade de expressão comercial”, conforme descreve em sua página institucional. Trata-se de um ente independente, formado por um grupo heterogêneo de profissionais do mercado e da sociedade, que atua para defender as prerrogativas constitucionais da propaganda comercial.
Seja pela intensidade e freqüência com que se bombardeia o potencial ou atual consumidor, tornando-se quase onipresente, seja pelos efeitos conseqüentes à sua interferência nos circuitos emocionais, a publicidade é um dos importantes fatores influenciadores dos hábitos de consumo da população e a sua prática profissional requer uma grande muita ética, compromisso e responsabilidade social.
Asscom | Grupo Tiradentes