ESTUDE NA UNIT
MENU

O sono é fundamental para uma boa performance no trabalho e no estudo

Pesquisa realizada pela marca Persono, pela plataforma de análise humana da MindMiners e pela consultoria Unimark/Longo revela que o sono do brasileiro é ruim

às 21h25
Compartilhe:

Três horas da manhã. Pesadelos, ansiedade, descanso de pouca qualidade e às vezes até pior, sem conseguir dormir. Consegue se identificar? Essa é a realidade de muitos brasileiros, de acordo com a pesquisa Acorda, Brasil. Os dados foram captados entre os dias 5 e 10 de novembro de 2020, com 2000 pessoas acima dos 18 anos, das cinco regiões geográficas do país. O objetivo era estudar a diversidade em relação ao sono da população e tentar encontrar motivos para os resultados.

De acordo com a pesquisa, dos 62% de entrevistados que declaram dormir bem, quase 60% dizem que acordam cansados, o que significa que não foi atingido o sono ideal, cuja fadiga ao acordar não acontece. Outro dado preocupante é que 19,1% das pessoas dormem menos de seis horas por noite, o que é o mínimo aceitável para adultos. Além disso, 20% dos entrevistados afirmam que o tempo que eles passam entre deitar e de fato adormecer é de pelo menos 30 minutos. Isso é ruim, já que o cérebro pode associar a cama a um lugar de inquietação, espera e ansiedade. 

A insônia

O Médico e Professor da Fits PE, unidade pertencente ao Grupo Tiradentes, Dennys Lapenda, especialista em Medicina do Sono, explica que a insônia nasce a partir de vários fatores causais, biológicos ou não. “Existem algumas áreas cerebrais que têm alteração de alguns neurotransmissores, como a serotonina e a noradrenalina, que podem impactar no quadro de insônia. Também tem o processo de quebra da luz no escuro, por exemplo, em uma luz artificial noturna, nosso organismo acaba não entendendo se é manhã ou noite, dificultando o sono”, explicou.

“Muitos pacientes têm alguma queixa em relação ao sono, acarretando muitos prejuízos. A gente percebe que 10% da população tem um transtorno de insônia, e 30% tem alguma queixa ou outra sobre o problema, e grande parte das pessoas têm alguma reclamação respiratória, que está associada a hipertensão e a obesidade, além da má higiene do sono – por exemplo, com exposição de luz artificial, como uso de celular e televisão, alimentação calórica no período noturno e uso de medicações que interferem nos hábitos à noite”, afirmou.

Em relação aos tratamentos disponíveis, Dennys orienta que são corretos e podem ajudar a melhorar significativamente a insônia. “Em 2019, foi liberado pelo Conselho Brasileiro de Insônia, o uso da melatonina para pacientes idosos e também temos o tratamento padrão ouro, que é a Terapia Cognitiva Comportamental para Insônia, a TCCI, que é feito a partir de técnicas, com 12 sessões, sem o uso de medicamentos, para melhorar o sono”, explicou.

Efeito pandemia

A pesquisa realizada pelas instituições também revelou que a qualidade do sono do brasileiro piorou durante a pandemia. Segundo os dados, 57% dos participantes disseram que estão dormindo menos ou pior desde março de 2020. As mulheres são as mais prejudicadas, já que os hormônios do ciclo menstrual e a ansiedade contribuíram para que a rotina do sono ficasse desregulada.

Para Leonardo Silva, Enfermeiro, Pós-graduando em sono pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte e fundador do serviço de monitoramento do sono Sleeping Home, o período pandêmico afetou bastante a rotina e os hábitos noturnos da população. “O isolamento social nos obrigou a ficar em casa. Com isso, perdemos um importante marcador para nosso relógio biológico, que é a rotina de deitar e levantar no mesmo horário. Além de nos deixar sedentários, ociosos e ansiosos, com tantas fake news e incertezas no cenário da pandemia”, explicou.

Com o aumento de casos assim, a Sleeping Home, clínica de Leonardo, recebeu muitos pacientes com dificuldades. “As queixas são de iniciar o sono ou de voltar a dormir após despertar no meio da madrugada. Também temos relatos de aumento da vontade de comer, falta de energia e irritação. Após ouvir, encaminho sempre para um médico especialista em sono”, contou.

Falta de Informação

Apesar dos inúmeros malefícios de não dormir à noite – como problemas de memória e cansaço mental, problemas cardiovasculares, ganho de peso e dores crônicas -, o brasileiro ainda não se mostra interessado e/ou preparado para lidar com a rotina do sono. Segundo a pesquisa, apenas 13,55% já consultaram um médico para falar especificamente sobre esses problemas.

Muitos também não se preocupam e não sabem a importância de dormir: 50% dos brasileiros acreditam que o sono tem pouco ou nenhum impacto na performance diurna, 82% nunca procuraram usar um aplicativo para monitoramento e apenas 12% já investiram em algum item que ajuda a melhorar a qualidade noturna, como máscara, fone de ouvido ou relógio inteligente.

Cuidados e Prevenção

Leonardo explica que existe um conjunto de práticas possíveis e necessárias para mudar a rotina do sono. “Deitar e levantar sempre no mesmo horário todos os dias, evitar bebidas com cafeína, chás ou refrigerantes à base de cola antes de se deitar, já que são estimulantes, só ir para cama com sono, criar uma rotina antes de adormecer e evitar exercícios de grande impacto antes de dormir são exemplos da chamada higiene do sono”, orientou.

O professor Dennys Lapenda acrescenta que a forma como o dia é aproveitado, influencia no sono à noite, por isso, o ideal é melhorar os hábitos. “Praticar atividades físicas, ter uma alimentação saudável e procurar melhorar a saúde mental é a tríade do sucesso. Lembrar também que a cama não é lugar para se alimentar, mexer no celular ou ler, apenas para dormir. É preciso evitar estímulos externos que atrapalhem o sono, como ajustar a temperatura e desligar qualquer tipo de luz. Procurar um profissional da saúde também é essencial, caso o problema persista”, explicou.

Compartilhe: