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Lugar da mulher é onde (e quando) ela quiser!

Nesta quinta (26), é comemorado o Dia Internacional da Igualdade Feminina. A data simboliza a luta histórica que as mulheres vêm travando e a necessidade de conscientização acerca da necessidade de igualdade dos direitos na sociedade como no lar, mercado de trabalho e política

às 14h30
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A luta nunca foi e nem é fácil. Mas, finalmente, a visibilidade acerca da igualdade feminina vem crescendo. No entanto, a participação dela, na prática, ainda está aquém e precisa ser discutida para reduzir preconceitos, desigualdades e injúrias e se criar um ambiente mais justo, como está na Lei. No papel, a promulgação da Constituição de 1988 estabeleceu que homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, proibindo a diferença salarial, de exercício de função e de critério de contratação em virtude de sexo, estado civil, idade e cor. Na prática, não é o que se vê. 

Nesta quinta-feira, 26 de agosto, Dia Internacional da Igualdade Feminina, é necessário colocar os holofotes em assuntos como diferença salarial, pré-julgamento equivocados da sociedade, o aumento de feminicídio e menor participação da mulher nos diversos meios. 

“Já tivemos alguns avanços, mas eles ainda são embrionários. Ainda não fomos colocadas nos nossos devidos lugares de igualdade. Por exemplo, temos as diferenças de salário, como uma pesquisa feita pelo IBGE em 2019 que, naquele ano, a mulher recebia 26,5% a menos que o homem, ocupando o mesmo cargo. Temos o processo seletivo da mulher no mercado de trabalho, que sempre traz à tona questões como a maternidade, as questões biológicas. Quase sempre o homem é priorizado por causa disso. Houve mudanças, o movimento feminista, mas precisamos de igualdade”, afirmou Maria Carmen, cientista política e professora na área de filosofia social da Unit-PE.

História

Uma longa história de direitos femininos na sociedade brasileira se faz presente com o passar do tempo. Desde o início, lá no Brasil Colônia, as mulheres sofreram com a escravidão e a falta de igualdade: as negras trabalhavam em serviços braçais o dia todo, enquanto as brancas faziam serviços domésticos. No começo do século XX, vários movimentos surgiram ao redor do mundo e as mulheres começaram a perceber e juntar forças – surgiram as sufragistas, que queriam o direito ao voto feminino e os protestos em busca de trabalho e posições. 

Foi aí que as brasileiras começaram a alcançar e mudar a história. Em 1922, foi garantido o direito ao campo de trabalho. Em 1932, o voto. Em 1946, a candidatura. Em 1975, considerado o ano internacional da mulher, várias conquistas foram alcançadas, como a aprovação do divórcio e a criação da Fundação das Mulheres do Brasil. Dos anos 80 aos dias atuais, muita coisa mudou, como o surgimento de novas constituições, Secretaria para mulheres e Leis. 

E o que fazer?

Para a professora de Serviço Social, é preciso se posicionar contra a violência, o preconceito e o “não” de outras pessoas. Várias ações podem e devem ser feitas para aumentar a igualdade de gênero. Em casa, começa com a divisão de trabalho doméstico e cuidado com os filhos – dividir as responsabilidades com todos os adultos faz a sobrecarga da mulher diminuir. Na parte da violência, ter atenção aos sinais de violência psicológica ou física, tanto no individual como no coletivo. Saber que existe polícia e leis para casos de xingamentos, manipulação e agressões é um começo.

Não naturalizar o ambiente masculino

Muitas vezes, o fato de ser mulher faz a gente se preparar para andar sozinha na rua e lidar com um ambiente masculino. É muito ruim naturalizar isso. Essa cultura precisa ser mudada no dia-a-dia, no vocabulário do cotidiano que inferioriza e na estrutura familiar, onde a mulher tem um peso enorme de maior responsabilidade, cuidando da casa, da família e ainda trabalhando fora”, salientou Maria.

No trabalho, exigir o mesmo salário e mobilizar recursos, assim como não tolerar assédios e fazer treinamentos sobre respeito e feminismo são ações necessárias. Já na sociedade, levantar pautas e debates como esse ajudam num processo cada vez melhor de aceitação e empoderamento, atingindo e inspirando gerações. “O caminho de mudança é longo e árduo. Não é fácil, mas é uma luta diária. Precisamos fazer valer os nossos direitos de igualdade”, ressaltou a cientista política.

Dados

Um estudo feito em 2019 pelo IBGE revelou diferentes porcentagens: na política, apenas 14,8% das mulheres exercem o ofício. Já a força de trabalho feminina está em 54,5%, em comparação com 73,7% dos homens. Em relação aos afazeres domésticos, as mulheres são sobrecarregadas: elas dedicam o dobro do tempo dos homens para fazer essas atividades – 21,4 horas semanais em contraste com 11,0 horas. 

Já uma pesquisa do Dieese mostrou que o salário feminino é cerca de 20% menor – principalmente para as mulheres negras. Na questão da violência, os feminicídios – crimes que envolvem atos de discriminação contra as mulheres que resultam em morte – só aumentam cada vez mais. Entre 2018 e 2019, aumentou 7%, com 1.173 assassinatos em 2018 e 1.314, em 2019.

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