Ele é um fenômeno recente, e que tem dado o que falar ao redor do mundo. Mas, você já parou para pensar a respeito do que seria a chamada demissão silenciosa? Esse comportamento identificado pelo termo “quiet quitting”, se tornou uma tendência iniciada nos Estados Unidos no pós-pandemia, quando o retorno ao trabalho presencial protagonizou intensas reflexões em milhões de trabalhadores sobre sua satisfação pessoal com a ocupação atual, a área de atuação e suas projeções de carreira.
Na sequência, segundo especialistas em carreiras, o que se viu foi uma onda de pedidos de demissão, além de uma espécie de ritmo ‘diferenciado’ na jornada de trabalho por parte de muita gente, que adotou o estilo de “fazer apenas o necessário”. Iniciou-se, desta forma, o processo que foi assim chamado de “demissão silenciosa”.
“Esse movimento está se enraizando com muito mais força entre a Geração Z, que são os jovens que estão começando a entrar no mercado de trabalho. A grande questão é o choque que está ocorrendo com esse comportamento, entre essa geração e os gestores e donos de empresas, os quais estão enquadrados em gerações diferentes como a X, por exemplo. Isso ocorre porque você tem dois grupos: aqueles em que está enraizada a cultura de ‘o trabalho é minha vida’ e os que dizem “não, a minha vida não é só o meu trabalho”. É neste sentido que você tem uma grande diferença de conceitos, o que tem provocado um certo nervosismo, inclusive, nos RHs, já que você começa a ter uma dificuldade de atrair e reter as pessoas, além de fazer com que esses colaboradores se desenvolvam bem dentro das empresas”, analisa a gerente do Unit Carreiras, Janaína Machado.
O desgaste nas relações de trabalho e a sobrecarga das atividades rotineiras, têm figurado entre os principais motivos para o crescimento desse movimento de demissão silenciosa ao redor do mundo. De acordo com um estudo realizado no pós-pandemia pela agência de gestão e engajamento Pulses, 54% dos entrevistados disseram estar frustrados com o trabalho e 51% afirmaram sentir dificuldade no cumprimento das atividades. O levantamento ouviu cerca de três mil profissionais de diversas áreas e níveis.
Utilizada por muitos profissionais para evitar o processo de burnout, a síndrome do esgotamento, a demissão silenciosa se mostra um caminho para buscar o equilíbrio emocional, preservando assim, a saúde mental. Mas, para especialistas em carreiras, esse pode ser um atalho perigoso e que coloca em risco a transparência nas relações de trabalho, ocasionando ainda, prejuízos a colaboradores e empresas.
Em relação à Geração Z, um levantamento revelou que esse movimento de “quiet quitting”, pode estar ligado à sensação de não pertencimento. Segundo a pesquisa realizada pela Cia de Talentos com estudantes universitários, a prioridade desse público é saúde mental, diversidade no ambiente de trabalho e chance de desenvolvimento e crescimento no local de trabalho. Ações de engajamento e informações disseminadas nas redes sociais das organizações também são essenciais para 42% dos entrevistados na escolha de uma empresa para trabalhar.
“Essa postura de fazer apenas o necessário ou mesmo de auto sabotagem profissional para digamos assim ‘cavar’ uma demissão, impacta diretamente na produtividade e na performance dos profissionais e suas respectivas empresas. Outro ponto importante a ser observado e analisado, é a reputação profissional que acaba se tornando vulnerável. Esse fato pode trazer consequências prejudiciais a esse profissional no futuro, ou seja, comprometendo sua evolução de carreira”, ressalta Janaína Machado.
Asscom | Grupo Tiradentes