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Brasil enfrenta gargalos na produção de radiofármacos

Produção nacional ainda depende de insumos importados; Anvisa prorroga autorização para importação dos radiofármacos, usados em tratamentos de medicina nuclear

às 20h37
Os radiofármacos são importantes para o diagnóstico e o tratamento de doenças mais complexas; produção ainda depende de insumos importados (Arte/Agência Câmara)
Os radiofármacos são importantes para o diagnóstico e o tratamento de doenças mais complexas; produção ainda depende de insumos importados (Arte/Agência Câmara)
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O Brasil enfrenta um desafio na produção dos radiofármacos, medicamentos produzidos a partir de fontes radioativas, que são utilizados em diagnósticos e tratamentos especializados contra o câncer e outros tipos de tumores, além da doença arterial coronariana. A produção nacional destes medicamentos está parcialmente paralisada desde setembro de 2021, por causa de problemas financeiros e logísticos que envolvem seu fornecedor responsável, o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), ligado à Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN).

A questão levou o governo a importar esses radiofármacos de outros países, com autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). No dia 26 de outubro, o órgão regulador prorrogou, por mais cinco meses, a resolução que permite a importação em caráter temporário e excepcional, sem exigência de registro. O objetivo foi evitar a escassez desses medicamentos no Brasil, e a prorrogação aconteceu porque, segundo o Ipen, a produção nacional só será regularizada em março de 2023. 

A professora-doutora Juliana Maria Dantas Mendonça Borges, do curso de Farmácia da Universidade Tiradentes (Unit Sergipe), explica que os radiofármacos são substâncias químicas que possuem algum radioisótopo, reconhecido pelo organismo como semelhante a alguma substância processada por algum órgão ou tecido. E que eles são usados pela área de medicina nuclear, tanto para diagnósticos como para tratamentos.

“Sobre o uso diagnóstico, os radiofármacos, em sua maioria, são usados na medicina nuclear para realizar diagnósticos. O método mais tradicional é o da cintilografia, que usa o iodo-123 e o tecnécio -99m, para exames na tireoide e nos rins, por exemplo. Outro método em que são utilizados os radiofármacos é o da tomografia por emissão de pósitrons (PET), que utiliza o flúor-18”, explica Juliana, acrescentando que, no caso dos tratamentos, eles são mais ativos e usados para tratar algum órgão específico. “O elemento mais usado é o iodo-131, que emite radiação gama e beta, na forma de iodeto de sódio. Ele é mais utilizado para o tratamento de tumores da tireóide”, pontua.

Ainda segundo a professora, mais de um milhão e meio de procedimentos com radiofármacos são realizados por ano no Brasil. Isso cria um potencial de que a produção destes medicamentos tenha grandes possibilidades de melhorias futuras. “Para os próximos anos, o Brasil poderá registrar grandes avanços na produção de radiofármacos, garantindo independência nacional nesta área”, afirma a professora. No entanto, há alguns gargalos que ainda devem ser solucionados, como a importação de alguns insumos e materiais de fabricação, sobretudo dos radiofármacos com meia-vida superior a duas horas, cuja produção é exclusiva da União. 

“Neste mercado, os principais riscos associados são decorrentes do fato de que alguns insumos são importados, em especial o molibdênio-99 (Mo-99). Neste caso, a CNEN é dependente da capacidade de fornecimento do mercado mundial, dos preços praticados nesse mercado, bem como da variação cambial”, explica Juliana, apontando que a solução definitiva para esta dependência externa só virá com a conclusão das obras do Reator Multipropósito Brasileiro (RMB), um centro de pesquisa e produção do CNEN que está sendo construído em Iperó (SP). 

Asscom | Grupo Tiradentes
com informações da Agência Brasil 

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