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Recife Assombrado: capital pernambucana coleciona histórias de horror

As lendas fazem parte do imaginário coletivo há séculos

às 15h39
Foto: Marcos Pastich/PCR (do site da Prefeitura do Recife)
Foto: Marcos Pastich/PCR (do site da Prefeitura do Recife)
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Nem só de rios, canais e pontes vive a cidade do Recife. A capital pernambucana, em seus quase 500 anos de existência, coleciona diversas histórias e lendas de mal-assombros, que já estão incorporadas no imaginário da população. Perto de completar seu meio milênio de idade, o Recife recebeu influências culturais de diversos povos, desde indígenas a europeus e africanos. Esse caldeirão cultural acabou dando origem a esses vários contos assustadores.

De maneira geral, narrativas folclóricas surgem como uma forma de explicar acontecimentos sem causa aparente. No caso do Recife, essa tradição também tem origem na economia canavieira. Até o século XX, os pernambucanos tinham um grande respeito pelos mortos e acreditavam que aqueles que já se foram costumavam se manifestar entre os vivos de alguma maneira.

Assombrações do Recife Velho

Ainda nesse contexto, o sociólogo recifense Gilberto Freyre publicou, em 1955, o livro “Assombrações do Recife Velho”. A obra contém mais de 30 histórias sobre aparições e locais assombrados pela cidade do Recife. Uma dessas lendas é a da Cruz do Patrão. O monumento, que fica localizado à margem do rio Beberibe, entre Olinda e Recife, servia como guia para os navios que atracavam no porto do Recife. Mas, segundo o folclore, diversos rituais, incluindo alguns com pessoas escravizadas, haviam sido realizados lá. Por isso, reza a lenda que é possível escutar gritos e gemidos ou ver almas penadas ao passar por perto da cruz.

Uma outra história que envolve ouvir clamores deu até nome a um lugar da cidade: a Praça Chora Menino. Localizada no bairro da Boa Vista, na área central da cidade, a praça é conhecida por histórias que contam que quem passa por lá tarde da noite escuta o choro de uma criança. Esse conto surgiu a partir da “Setembrizada”, uma revolta de soldados de baixa patente, no século XIX, que acabou vitimando civis, incluindo crianças. A lenda conta ainda que os mortos foram enterrados no Sítio Mondengo, onde fica hoje a Praça Chora Menino.

A história da Perna Cabeluda, uma das mais conhecidas, é mais uma das lendas da cidade do Recife. Esse conto tomou grandes proporções, e isso se deve à influência da mídia. A história surgiu no ano de 1976, em uma edição de domingo do Diario de Pernambuco, que continha alguns textos de ficção. Com o tempo, a lenda se espalhou, e outros relatos foram ficando conhecidos, sendo inclusive veiculados nas rádios na época. Os boatos contavam sobre pessoas que, ao andar pelas ruas à noite, levavam chutes e rasteira de uma perna sem corpo e cheia de cabelos.

Outro conto de mal-assombro bastante famoso é o da Galega de Santo Amaro. Essa lenda conta que uma bela mulher de cabelos loiros costumava andar à noite pelas imediações do Cemitério de Santo Amaro, no centro da cidade. Ela atraía, então, alguns pretendentes, que a seguiam em um passeio romântico por entre os túmulos. Ao chegar em certo jazigo, a galega dizia que morava naquela sepultura e, então, se transformava em um esqueleto.

Além dessas narrativas, várias outras lendas compõem o folclore assombrado da cidade, como a Emparedada da Rua Nova, o Fantasma do Teatro Santa Isabel, o Boca de Ouro e muitas outras. A fama dessas lendas é tanta que a própria Prefeitura do Recife promove, desde 2015, o programa Recife Mal-Assombrado, de realização da Secretaria de Turismo e Lazer, com diversos passeios e roteiros pela cidade.

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