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Quem foi Dom Hélder Câmara: conheça mais sobre o arcebispo que se opôs à ditadura

Em 2015, foi reconhecido pelo Vaticano como “Servo de Deus”

às 12h22
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Hélder Pessoa Câmara nasceu no dia 7 de fevereiro de 1909, em Fortaleza, no Ceará. Matriculou-se no Seminário de Prainha, da Arquidiocese da capital cearense, aos 14 anos. Lá, fez o ensino médio e estudou filosofia e teologia, sob um ensino bastante conservador. Em 1931, nos seus 22 anos de idade, foi ordenado padre e passou a acompanhar os Círculos Operários Cristãos e a Juventude Operária Católica (JOC). Trabalhou alfabetizando adolescentes pobres e ajudou organizações sindicais de mulheres de camadas populares. Também foi associado por um tempo à Ação Integralista Brasileira (AIB), organização de viés fascista que pregava lemas como “Deus, Pátria, Família”, mas desvinculou-se quando Getúlio Vargas instaurou a ditadura do Estado Novo, em 1937.

Após sua ordenação, tornou-se secretário de Educação do Ceará e, aos 27 anos, trabalhava no Ministério da Educação, no Rio de Janeiro. Passou mais de 10 anos no Rio, onde se destacou em trabalhos sociais e fundou a Cruzada São Sebastião e o Banco da Providência, destinados a ajudar os mais pobres. Em 1946, foi convidado para assessorar o arcebispo do Rio de Janeiro. Foi lá também que se ordenou bispo, aos 43 anos, em 1952, e foi nomeado bispo-auxiliar do Rio. Dom Hélder Câmara foi um dos fundadores da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em 1952, da qual foi secretário por 12 anos, e do Conselho Episcopal Latino-Americano (CELAM), em 1955.

Pouco antes do golpe militar de 1964, foi nomeado arcebispo da Arquidiocese de Olinda e Recife, cargo que ocupou durante todo o período da ditadura. Publicou um manifesto apoiando a ação operária no Recife, e foi acusado pelos militares de ser comunista, tendo sido proibido de se expressar publicamente, principalmente após o Ato Institucional nº 5 (AI-5), que censurou os meios de comunicação. Mesmo assim, continuava, em meios de comunicação internacionais e conferências, se opondo à ditadura e denunciando as barbaridades cometidas pelo regime.

Foi reconhecido mundialmente pelo seu trabalho em prol das populações mais carentes e por sua liderança contra o autoritarismo. Esse reconhecimento lhe rendeu quatro indicações ao Prêmio Nobel da Paz, tendo sido o brasileiro que mais vezes foi indicado, apesar de não ter vencido nenhum, muito em função de uma má propaganda internacional, feita a seu respeito pela ditadura.

Em 1985, ano do fim da ditadura militar no Brasil, Dom Hélder se aposentou, aos 76 anos. Continuou morando na capital pernambucana até falecer em 27 de agosto de 1999, aos 90 anos. Em 2015, foi reconhecido pelo Vaticano como “Servo de Deus”, primeira etapa para o processo de beatificação.

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