No ano de 2022, os eleitores brasileiros deverão comparecer às urnas para escolher os chefes dos poderes executivo e legislativo estaduais e federais, com esse evento democrático ressurge a importância de combater a polarização política.
Esse fenômeno é comum e nada recente nas sociedades. A polarização pode ser entendida na política como a divisão em dois polos que divergem ideologicamente, e que, geralmente, misturam radicalismo e quase nenhum diálogo, elemento essencial para a construção de uma sociedade plural.
Steven Levitsky e Daniel Ziblatt no livro “Como as democracias morrem” debatem a importância da construção de uma democracia, compreendendo que a democracia em si vai muito além do voto, e que pode ser compreendida também como tolerância e diálogo.
No cenário brasileiro, a construção dessa consciência coletiva precisa ser formada desde a prévia eleitoral, reforçando o reconhecimento do adversário e respeito às regras comuns, considerando que as eleições anteriores, em 2018 foram repletas de fake news, e disparo massivo de mensagens, que reconhecidamente pelo Supremo Tribunal Federal (STF), ferem os princípios das campanhas eleitorais.
A radicalização não é uma saída para posicionamentos divergentes, apontam os especialistas. Quando lados opostos se excluem em uma disputa, as pontes construídas pela cidadania se desfazem, adversários se tornam inimigos e o senso crítico tende a ser reduzido, por isso, a polarização se torna desprezível em uma democracia.
Aquecimento da polarização
Desde o impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff (PT) em agosto de 2016, a chama da polarização política foi acesa no Brasil. A baixa aprovação popular da presidenta e do partido, conciliada com as condenações sucessivas do ex-presidente Lula (PT) em processos sobre possíveis crimes praticados na sua gestão, aguçaram o antipetismo. Na contramão, a figura política em ascensão, o atual presidente da república, Jair Bolsonaro tomava espaço e foi adotado pela oposição como a oportunidade de sanar problemas de corrupção e porta-voz do discurso moral do conservadorismo.
Atualidade
Hoje, após a volta da elegibilidade do ex-presidente Lula através da anulação de todas as condeções do pelo Supremo Tribunal Federal (STF), e diante do desande do governo Bolsonaro, que possui aprovação de apenas 19% da população, segundo pesquisa Ibope, o país se vê novamente dividido tendo como principais candidatos ao executivo federal o ex-presidente Lula (PT) e o atual presidente Jair Bolsonaro (PL).
As eleições ocorrem em 10 meses e os brasileiros já contam com 14 nomes prováveis para a eleição, sendo o atual presidente o único a responder inquérito por declarações antidemocráticas, levantamento de questionamentos sobre a lisura do processo eleitoral e incitação ao crime, conforme apresenta o relator do inquérito, ministro Alexandre de Moraes (STF).