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Transporte rodoviário: caminhoneiros enfrentam estradas perigosas diariamente

Desafios vão de buracos a rodovias sem asfalto e sinalização; professor da Unit afirma que outros modais de transporte devem ser mais aproveitados.

às 22h20
Paralisação de caminhões durante a greve nacional de caminhoneiros em 2017: 60% do transporte de carga no país depende das estradas (Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Paralisação de caminhões durante a greve nacional de caminhoneiros em 2017: 60% do transporte de carga no país depende das estradas (Marcelo Camargo/Agência Brasil)
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As constantes altas nos preços dos combustíveis fizeram ressurgir recentes ameaças de greve dos caminhoneiros em todo o país, semelhantes à paralisação que aconteceu em 2017 e paralisou a economia brasileira por quase duas semanas. Assim como naquela época, o movimento escancarou outros problemas que os profissionais das estradas enfrentam há muitos anos, mostrando a importância desse tipo de transporte e as agruras de conviver com buracos, rodovias sem asfalto e falta de sinalização. A mensagem enviada ao governo federal foi de que melhorias deveriam ser feitas urgentemente. 

Segundo pesquisa realizada pelo comitê de transporte de cargas do Reino Unido (Joint Cargo Committee), e veiculada na revista Época Negócios, o Brasil é o sexto país mais perigoso para transporte de carga e em um ranking com 57 países, só perde para Síria e Afeganistão. “É um grande gargalo no desenvolvimento da economia do nosso país e os investimentos realizados nos últimos anos foram insuficientes. Além disso, o modal que predomina é o  rodoviário, quando outros modais poderiam ser mais explorados em nosso país”, aponta o professor Douglas de Moura Andrade, do curso de Logística EaD da Universidade Tiradentes (Unit Sergipe)

Entre os modelos citados pelo professor como alternativas viáveis, estão o ferroviário, o aéreo, o aquaviário (navegação por rios e mares) e o dutoviário (tubulações usadas para transporte de produtos e substâncias químicas entre fábricas). Douglas acredita que esses modais têm características que as colocam em vantagens ou potenciais em relação ao uso de estradas, como baixo custo de baixo custo de manutenção, redução de tempo de transporte, alta capacidade de carga, litoral de grande extensão e rios navegáveis. 

No Brasil, 60% de tudo que é produzido é transportado pelas rodovias e essa prevalência tem base histórica, pois a fim de proporcionar a exportação de bens agrários, minerais e de consumo, as rodovias do país foram construídas no sentido oeste-leste e ao longo da costa. Até metade da década de 1940 o país contava com apenas 423 km de rodovias pavimentadas. No final dos anos 1960, todas as capitais estavam interligadas por estradas federais, exceto Manaus e Belém. Já por volta de 1988, segundo o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), o Brasil chegava a com 47 mil km de rodovias federais pavimentadas. 

O professor Douglas comenta que “infelizmente, há tempos, vários governantes apresentam projetos de investimentos na área de infraestrutura logística no país, especialmente na área de transporte, mas esses projetos acabam não saindo do papel, fazendo com que o Brasil continue com a promessa de ser o país do futuro, sem nunca chegar a este futuro”.

Crise sanitária 

Antes da crise sanitária causada pelo Covid-19, o setor rodoviário de transporte de cargas já apresentava insatisfação com os altos custos de combustíveis, mas com a pandemia, o país praticamente parou, sobretudo nos três primeiros meses, e desde então, vem sofrendo altos e baixos, com uma queda de 45% na demanda, em comparação com o movimento verificado antes das medidas de isolamento contra o coronavírus, segundo pesquisa da associação de empresas NTC&Logística. 

Idade da frota 

Outro ponto a ser levantado é a idade da frota de caminhões no Brasil. Após a crise sanitária, houve o fechamento de diversas montadoras, e isso acabou afetando o setor causando uma queda de 36% na venda de novos caminhões, de acordo com a  Associação Nacional das Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). Além disso, a idade média da frota de caminhões aumentou. Dados do Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças) mostram que a idade da frota passou de 9,7 para 11,7 anos e se considerar apenas os caminhões de autônomos, segundo a Agência Nacional dos Transportes Terrestres (ANTT) a idade média muda para 17,9 anos

Asscom | Grupo Tiradentes

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