Com um roteiro extremamente violento, o drama sul-coreano Round 6 se tornou, em pouco tempo, uma das séries mais populares e a mais assistida da plataforma de streaming Netflix em cerca de 90 países. O sucesso, no entanto, revelou ao mundo uma nova visão sobre a Coreia do Sul, que tem uma realidade repleta de problemas sociais, apesar de ser um dos chamados “Tigres Asiáticos”, países que obtiveram um rápido crescimento econômico ao final do Século XX.
A trama da série, que tem uma narrativa de suspense, retrata competidores extremamente endividados, que se envolvem em jogos de vida ou morte para ganhar uma grande quantia em dinheiro, capaz de transformar suas vidas. Além disso, problemas reais vivenciados por muitos cidadãos do país, mas desconhecidos pela maioria dos espectadores ao redor do mundo, também integram o enredo
Uma das questões abordadas por Round 6 é a misoginia, desigualdade de gênero entre homens e mulheres. Segundo um levantamento realizado pelo Fórum Econômico Mundial, a Coreia do Sul ocupa a 102ª posição na lista de países com maior igualdade de gênero. Esse ponto é alvo de reflexão na série, que provoca uma discussão sobre o quão aptas estão as mulheres para realizar as tarefas impostas aos competidores nas provas.
Outra questão trazida na série é o aumento da desigualdade social na Coreia do Sul. Apesar do país aparecer em 23º lugar no ranking do Índice de Desenvolvimento Humano da Organização das Nações Unidas (ONU), à frente de países como Itália, França e Espanha, mais de 16% dos sul-coreanos vivem na pobreza, sendo que os 20% mais ricos do país têm um patrimônio líquido 166 vezes maior do que os 20% mais pobres.
A relação complicada do país com a China é outro viés abordado na série. Em uma única referência à potência asiática, é destaque a aliança dela com a Coreia do Norte, que está em guerra com o Sul desde 1950 e cuja fronteira é a mais militarizada do mundo. A cena retrata a mãe da personagem Sae-byok sendo detida enquanto tentava chegar à Coreia do Sul pela China. E ela própria, uma desertora de Pyongyang, busca o prêmio em uma nova tentativa de trazer os pais para Seul.
Asscom | Grupo Tiradentes