Mais uma vitória para a cultura de Pernambuco. A vez agora foi da Rádio Clube AM 720, que virou Patrimônio Cultural Imaterial do Recife. O projeto da lei, de número 141/2019, foi sancionado no dia 28 de julho pelo prefeito João Campos, sendo de autoria do vereador Chico Kiko (PP). A importância do ato é celebrar o envolvimento da rádio na história do Recife, além de manter viva a sua tradição nas gerações futuras.
A Rádio Clube foi a pioneira do movimento em todo o país. Tendo sido fundada em 6 de abril de 1919 pelo radiotelegrafista Antônio Joaquim Pereira. Ela é considerada a primeira emissora do país por muita gente – apesar de que a Rádio Sociedade, do Rio de Janeiro, foi fundada três anos depois em reconhecimento legal. A Rádio Clube também fez a primeira transmissão oficial do Brasil, diretamente de um estúdio improvisado no Recife – atualmente, seus estúdios estão no bairro de Santo Amaro, com transmissores no município de Jaboatão dos Guararapes.
História
As atividades começaram a todo vapor em 1923, com programação e notícias difundidas diariamente. Porém, tudo ainda era muito amador e sem o orçamento necessário. Era uma equipe pequena e sem muitos equipamentos ou patrocinadores. Tudo mudou nos anos 30, quando o presidente do Brasil, na época, Getúlio Vargas, assinou o Decreto-Lei 2073, que tinha como objetivo promover a publicidade nas emissoras como forma de obter recursos financeiros. Assim, começa uma nova etapa: a da divulgação e de tentativas de arrecadação de fundos.
O cenário mudou para melhor, com uma época de fama e louvor para as emissoras de rádio. Na Clube, a programação consistia em músicas, radionovelas, programas de auditório e operetas. A opereta Rosa vermelha (1932), de Valdemar de Oliveira e Samuel Campelo, foi o sucesso da época, junto com as transmissões dos jogos de futebol do Nordeste, na voz de Abílio de Castro. Com uma equipe maior, com nomes como Leda Baltar, Renato Phaelante, Nélson Ferreira e Abílio de Castro, o sucesso cresceu e evoluiu cada vez mais, tendo sido a única rádio do Recife até 1948 – ou seja, durante 29 anos.
Em 1948, surgiu a primeira e grande concorrente da emissora: a Rádio Jornal do Commercio, que tinha como objetivo se tornar famosa em nível nacional – divulgando artistas de todo o mundo e cobrindo uma grande quantidade de notícias. Depois dela, outras rádios pernambucanas surgiram de forma intensa – a Rádio Tamandaré (1951), Rádio Capibaribe (1960) e Rádio Repórter (1962). Elas, então, competiam pela audiência da época com os tipos de programas que mais agradavam os ouvintes – como a música brega, a transmissão de esportes, histórias policiais e entrevistas de rua. A Rádio Clube permanecia firma e forte, pertencendo aos Diários Associados de Chateaubriand, que era o responsável pelo Diario de Pernambuco.
Dias atuais
Da década de 1970 até os dias atuais, o jornalismo passou a se intensificar ainda mais na Rádio Clube, com transmissão de notícias e programação exclusiva, se solidificando como uma das maiores emissoras do Recife. Hoje, com mais de 750 rádios espalhadas por Pernambuco, é importante reconhecer e ver que a pioneira do movimento continua funcionando e inspirando tantas outras.
Atualmente, a grade de programação é diversa: com nomes como Cezar Polidoro, Joel Vilalon, Paula Nacasaki e Reginaldo Gonçalves, os programas são variados – o ‘Show da Manhã’ traz informação, humor e músicas, o ‘De Bem com a Vida’ foca no jornalismo e nas condições climáticas e de trânsito de Recife e o ‘Liberal no Ar’ fala sobre política, polícia e transmite entrevistas. Com a chegada do título oficial de Patrimônio Cultural Imaterial, a Rádio Clube se mostra presente ainda mais, com a difusão de sua história para todos os pernambucanos e brasileiros.