Sucesso em salões de beleza, os alisamentos surgiram na década de 50, revolucionando o mundo da estética. Com o procedimento, foi possível alterar o tipo de estrutura interna capilar, garantindo o cabelo alisado por meses. Em 2000, um novo produto químico foi lançado – o formol. Com a premissa atrativa de deixar os fios lisos e brilhantes por três meses, muitas mulheres se interessaram. E as escovas progressivas que utilizam formol foram as mais procuradas.
No entanto, com danos e riscos comprovados, a Anvisa proibiu o uso do ativo em 2009, mudando o ramo da estética. Inclusive, uma pesquisa da Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) da USP, feita em 2019, revela os efeitos danosos para a fibra capilar e impactos até mesmo em áreas mais profundas da região.
Riscos
Os principais riscos do formol começam com o calor. Através do uso da escova e da chapinha, é transformado em gases tóxicos e entram nas vias respiratórias. Também estão presentes as substâncias químicas, que transformam totalmente o cabelo. “A fibra capilar é cristalizada, formada por queratina, seguida por água e carga lipídicas. Com o uso do formol, ela perde sua capacidade de reter água, ficando um fio morto”, explica Edgar Leal, professor de Estética e Cosmética da Unit-PE.
O professor conta ainda que as reações para o corpo são ainda mais graves. “Ao contato com a pele, ocasiona vários riscos, como escamações, alergias, queda capilar, problemas respiratórios, câncer e queimaduras. O formol é muito forte, ele é usado também como conservante de tecidos mortos”, afirmou. “Até o profissional que aplica pode ser afetado, com danos na córnea, boca amarga, desmaio e feridas nos olhos. Como ele também pode chegar a inalar o formol, o risco de câncer é igual ao de quem recebe, ou ainda maior, já que o contato com o produto no dia-a-dia é maior”, ressaltou.
Recomendação
Edgar explica ainda que o tratamento adequado deve ser feito por um médico dermatologista, após a interrupção imediata do uso do produto. “A primeira recomendação é parar de usar, já que o cabelo fica frágil e quebra com facilidade. Em relação ao couro cabeludo, é importante ir ao dermatologista ao constatar queimaduras e usar produtos que alimentem a nutrição da área”, ressaltou.
Para quem quer manter o cabelo liso, a dica é tomar cuidado e fazer com o profissional adequado, para que os riscos não sejam graves e permanentes. Tanto para quem aplica como para quem recebe o produto. A análise prévia das mechas também deve ser feita, como garantia de que o cabelo vai aguentar receber a substância química. “Todos os produtos podem causar danos quando mal utilizados, sejam eles a base de hidróxido de amônio, guarnidina ou sódio.
Recentemente, a cisteamina HCL, a cisteína HCL e o glioxiloil de Aminoácidos foram proibidos pela Anvisa e não estão sendo mais usados como alisantes. Por isso, muitos estudos estão sendo feitos para ver o que é prejudicial. Além disso, é preciso muito cuidado, como o uso de EPIS, teste de mecha e diagnóstico”, finalizou Edgar.
Pesquisa
Conforme o estudo da Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) da USP, a progressiva tem o PH 2, o que significa que ela consegue ser mais ácida que o limão. Quanto mais ácido o produto, maior sua durabilidade e, com isso, os efeitos para a fibra capilar são muito piores.
Os farmacêuticos conseguiram provar que as fórmulas mais ácidas garantem brilho e alisamento porque as cutículas do cabelo são seladas, gerando a modificação da estrutura interna. Essa mudança gera um filme em torno do fio, o que dá a sensação de brilho no cabelo. Porém, essa falsa aparência causa, na verdade, o ressecamento e a quebra capilar.
Na fase de práticas do estudo, diversas mechas foram penteadas e as que passaram por alisamento químico eram as mais lisas, mas também, as mais fracas e suscetíveis à quebra, já que perderam a elasticidade natural.