Quem esteve numa farmácia em tempos de pandemia certamente já ouviu algum vendedor ou cliente ter dito que um determinado suplemento de vitaminas é bom para fortalecer o sistema imunológico e dar uma suposta “prevenção” contra o coronavírus – ou mesmo diminuir os impactos da doença. Esse tipo de conselho tem sido seguido por muitas pessoas, mas não é comprovado pela ciência. Recentes estudos feitos em universidades dos Estados Unidos apontaram que os suplementos de vitaminas não têm eficácia para evitar a contaminação ou diminuir os sintomas.
De acordo com a professora Danielle Alice Vieira, docente do curso de Nutrição e coordenadora da Liga de Nutrição nas Doenças Crônicas Não-Transmissíveis (Lancro), do Centro Universitário Tiradentes (Unit/AL), houve um posicionamento recente da Sociedade Internacional de Imunonutrição (Isin), apontando o zinco e as vitaminas C, D e E como normalizadores gerais da imunidade, com preferência ao consumo de alimentos-fonte, e não como curadores do vírus.
“A única profilaxia contra a infecção do coronavírus reconhecida até aqui é o uso de máscara, álcool e o distanciamento social. O uso de suplementos não evitam a contaminação. Inclusive, é importante salientar que o consumo em excesso de nutrientes também podem trazer efeitos deletérios e tóxicos. A regra é simples: suplementação só com prescrição”, ressalta Danielle, pontuando que ainda não há um parecer oficial sobre o uso de suplementos para minimizar os sintomas da Covid-19, pois tudo ainda é muito recente.
A professora explica ainda o funcionamento do sistema imunológico humano, composto por anticorpos, células imunológicas que neutralizam a ação de vírus, bactérias e protozoários. “Esse sistema complexo necessita de uma oferta adequada de micronutrientes (vitaminas e minerais). Podemos afirmar que, para se ter um bom sistema imune é necessário uma boa ingestão e absorção de nutrientes. Em condições onde o sistema imune é recrutado, a demanda energética e de demais nutrientes sofre um incremento”, explica ela, destacando que, entre as principais funções dos nutrientes no sistema imune, está a formação de óxido nítrico pelos macrófagos e a regulação da divisão celular.
Já a prevenção contra outras doenças é possível com a manutenção adequada do sistema imunológico, o que pode ser alcançada com cuidados adequados em relação à alimentação, ao consumo de 2 a 2,5 litros de água por dia, às horas de sono, à meditação para controlar a ansiedade e aos exercícios físicos. Entre as principais recomendações, está o consumo de alimentos ricos em vitaminas A, C, E e D, além de zinco e selênio.
“O consumo desses nutrientes deve ser feito prioritariamente por alimentos. Uma alimentação rica em frutas, folhosos, vegetais, oleaginosas e carnes magras já garante um bom aporte.Manter uma oferta adequada de vitaminas contribui para prevenir doenças carências como a hipovitaminose A, o escorbuto (que vem da deficiência de vitamina C). Também atua na prevenção dos agravos crônicos não transmissíveis (obesidade, diabetes, hipertensão”, explica Alice, apontando ainda que a vitamina C pode reduzir a duração dos sintomas do resfriado, e que a D pode ajudar a prevenir infecções respiratórias superiores, mas precisa ser acompanhada da exposição ao sol.
Asscom | Grupo Tiradentes