A busca pela beleza é comum a todas as pessoas, já que ter uma boa aparência física ajuda na autoestima e na autoconfiança. No entanto, quando essa procura torna-se exagerada, trazendo sofrimento para o indivíduo, é sinal de algum transtornos, como a dismorfia corporal ou anorexia, por exemplo. Mas, apesar de terem semelhanças, como a relação com a autoimagem, os transtornos alimentares não podem ser confundidos com o transtorno dismórfico corporal (TDC), devido aos diferentes efeitos trazidos pelas condições.
A Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) estimava que, em 2022, cerca de 4 milhões de pessoas no país tinham TDC. Já os transtornos alimentares (TAs) afetam cerca de 15 milhões de brasileiros, ainda segundo o órgão. O principal ponto em comum entre essas condições é a percepção distorcida da própria imagem: a pessoa enxerga defeitos em si mesma que não existem ou que não são tão perceptíveis. Em geral, a causa está em traumas na infância, como bullying, por exemplo, e na pressão para atingir determinado ideal de beleza. Além disso, problemas de autoestima, depressão e ansiedade também podem ocasionar essas condições. Também são mais comuns em adolescentes e jovens, principalmente mulheres.
Diferenças
A principal diferença, por outro lado, é a parte do corpo que vira foco da distorção da autoimagem. No caso dos TAs, que incluem anorexia, bulimia e compulsão alimentar, por exemplo, o paciente fica insatisfeito com o próprio peso e hábitos alimentares. Já o TDC pode estar relacionado a qualquer parte do corpo, principalmente o rosto. Assim, as consequências também são diferentes: quem tem algum TA desenvolve hábitos alimentares perigosos à saúde, enquanto a dismorfia corporal faz o paciente sofrer com comparações constantes ou tentativas desesperadas e exageradas de corrigir algum defeito que não existe.
Efeitos
No caso dos transtornos alimentares, a pessoa acaba enfrentando sérias consequências para a saúde física, como anemia, desidratação, pressão baixa, tontura, complicações gastrointestinais, fadiga e desequilíbrio de eletrólitos. “Os impactos na saúde mental são profundos e variados, como ansiedade e depressão, isolamento social, baixa autoestima, sentimentos intensos de culpa, vergonha ou fracasso e comprometimento da identidade pessoal”, explica a Profª M.a. Giedra Marinho, docente do curso de Psicologia do Centro Universitário Tiradentes (Unit-PE) — localizado na Imbiribeira, ao lado do Geraldão.
Já quem sofre com a dismorfia corporal apresenta insatisfação constante com um ou mais traços do próprio corpo. A principal característica desse transtorno é que o defeito apontado pelo paciente não existe ou é muito mais sutil do que ele percebe, causando um enorme sofrimento, que só piora com as constantes comparações com outras pessoas. Como consequência, o indivíduo se preocupa excessivamente com a própria aparência, passando horas na frente do espelho, tentando cobrir a suposta imperfeição e até mesmo evitando sair de casa, o que prejudica a rotina e até mesmo as relações. Além disso, são comuns comportamentos como cirurgias plásticas e gastos excessivos com produtos de beleza.
Tratamento
No tratamento também existem diferenças e semelhanças. Nos dois casos, a presença de psicólogo e psiquiatra é importante, mas os TAs também exigem atendimento nutricional. Mas, de forma geral, a psicoterapia é a melhor forma de tratar esses problemas. “A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) é a abordagem mais usada, porque trabalha a reestruturação de pensamentos distorcidos sobre corpo, alimentação e autoestima, além de desenvolver estratégias de enfrentamento”, afirma Giedra.