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Riscos e Impactos Sociais causados pela Cultura do Cancelamento

A psicóloga e professora da Unit, Vladya Lima, abordou tópicos importantes sobre o assunto. Confira

às 17h49
Vladya Lira (CRP 02/12765) psicóloga clínica, mestre em psicologia, doutoranda em psicologia clínica e professora da Unit.
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A expressão do momento é “cultura do cancelamento”.  Para alguns, um meio de romper a estrutura de poder que blinda os privilegiados. De fato, foi dessa forma que grupos minoritários conseguiram expor violações e fazer denúncias a direitos humanos pelo mundo afora.  Para quem se debruça sobre o comportamento que ganhou ainda mais visibilidade, e provocações, a partir de um reality show, exibido em canais aberto e por assinatura, alguns questionamentos merecem atenção: o “cancelar” resolve problemas estruturais de desigualdade ou apenas reproduz uma lógica punitivista?  Qual o limite do linchamento em território virtual?

Segundo a psicóloga Psicologia, Vladya Lira (CRP 02/12765), mestre em psicologia e doutoranda em psicologia clínica,  e professora da Unit, “ A minha reflexão é que a Cultura do Cancelamento surge para dar visibilidade a grupos minoritários e denunciar pessoas de poder, que até então, eram intangíveis”. 

Ainda de acordo com a psicóloga, os impactos provenientes desse comportamento, contudo, são efêmeros, imediatistas e pouco efetivos para aqueles que são adeptos à prática. 

“ Muitos desses cancelamentos perdem força após a sua “explosão” e os cancelados continuam sua vida e profissão naturalmente. A reflexão que devemos fazer é se essa é a única forma de trazer à tona a discussão de questões, que já são difíceis de serem tratadas e compreendidas pela maioria das pessoas, de forma violenta e rebatida. A depender da forma falada se aproxima do formato violência com violência, gerando ódio, exclusão e falta de diálogo. Não há um convite à reflexão, à troca de ideia, será que cancelar alguém traz resultado?”, reflete. 

Pesquisadores apontam que a cultura do cancelamento foi difundida a partir do movimento #MeToo, com denúncias nas redes sociais para expor relatos de assédio sexual, especialmente na indústria do entretenimento. A dinâmica foi incorporada de vez nos meios digitais com a nova face de que não é necessário cometer um crime para ser cancelado, basta a formulação de ideias equivocadas, ou por pura ignorância acerca de um assunto, e o cancelled aponta.

Se para alguns o cancelamento traz o lado positivo de romper com uma estrutura de poder para fazer uma denúncia justa que de outra forma não seria ouvida, por outro fica uma interrogação sobre se o movimento foi perdendo o senso de proporção. 

“Será que estamos abertos ao diálogo? Ou, de fato, é melhor cancelar alguém, sem nem compreender como se deu aquele processo de aprendizagem, sobre conteúdos polêmicos? São questionamentos que nos mostram o quanto estamos sendo empáticos uns com os outros, o quanto estamos respeitando as diferenças… sem dar oportunidade de diálogo”, alerta a professora. 

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