As quadrilhas juninas são danças populares típicas do período junino. Em 2024, essa forma de arte passou a ser reconhecida pela legislação como manifestação da cultura nacional. O estilo de dança tem origem que remonta ao século XVIII, quando a corte portuguesa chegou ao Brasil, e sofreu diversas influências regionais até chegar nas apresentações típicas que ocorrem em cada região do país.
Surgimento
Nos séculos XVIII e XIX, a elite francesa costumava realizar uma dança chamada “quadrille”, com passos coreografados e ensaiados entre mulheres e homens da corte. A dança se espalhou para outras regiões da Europa, chegando também a Portugal. Em 1808, a corte portuguesa trouxe mais de dez mil pessoas para o Rio de Janeiro, capital do Brasil na época, em fuga pela invasão das tropas de Napoleão Bonaparte. Os portugueses trouxeram consigo a quadrille, festejada em bailes na alta sociedade carioca, e posteriormente difundida em todas as capitais.
Democratização da dança
Até o fim do período colonial, a quadrilha era quase exclusivamente pertencente à elite, mas alguns homens livres e escravizados que também estavam nas festas, servindo ou participando, ajudaram a levar a dança para outras camadas da sociedade. A maior reviravolta aconteceu com a Proclamação da República, em 1889. Nesse período, as elites civis da nova república buscavam se distanciar dos costumes do período colonial e imperial, o que foi o ponto-chave para que as quadrilhas saíssem das festas urbanas e se espalhassem para espaços periféricos e nos interiores do Brasil.
Características regionais
Até se tornar a quadrilha que conhecemos hoje, a dança foi adaptada com diversas características próprias do Brasil. Os instrumentos de orquestra foram substituídos pelo trio com triângulo, zabumba e sanfona. Os movimentos contidos passaram a ser vigorosos, as vestes buscavam referenciar as zonas rurais, e o casamento matuto trouxe teatralidade e caricatura para as apresentações.
Um elemento francês que permanece nas quadrilhas atuais são as expressões “alavantu” e “anarriê”. Enquanto a primeira é uma versão abrasileirada da expressão “en avant, tout”, que significa “todos para frente”, “anarriê” é derivada de “en arrière”, “para trás”.
Pluralidade cultural
Mas, para além da dança, a cultura junina brasileira também é marcada por comidas típicas, ritmos e tradições específicas de cada região, o que reflete a pluralidade do Brasil. A gastronomia, por exemplo, tem influências indígenas, com muitos pratos baseados na colheita do milho. Já as simpatias para casar, feitas a Santo Antônio no período junino, têm marcas da espiritualidade de matriz africana.