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Entenda o que é a aracnoidite torácica

Doença que provocou a morte da atriz Mabel Calzolari é a inflamação de uma membrana do sistema nervoso, que pode ser tratada se o diagnóstico acontecer no início

às 21h50
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Aracnoidite torácica. Um nome tão complicado quanto o que ele significa: uma doença rara que afeta o sistema nervoso central e, em casos muito raros, pode provocar a morte. Este foi o caso da atriz argentina Mabel Calzolari, 21 anos, conhecida por atuar nas novelas “Malhação” e “Orgulho e Paixão”, da TV Globo. Ela descobriu a doença após o parto do filho, há dois anos, e chegou a passar por várias cirurgias para tentar reverter o quadro, mas não resistiu e morreu em 22 de junho, em meio ao drama que comoveu os colegas da classe artística e muitas pessoas pelas redes sociais, despertando interrogações sobre essa doença. 

O médico reumatologista Denison Santos Silva, professor assistente do curso de Medicina da Universidade Tiradentes (Unit Sergipe), explica que a aracnoidite consiste na inflamação da aracnóide, uma membrana que recobre o sistema nervoso central, incluindo o cérebro, a medula espinhal nas alturas da coluna cervical, torácica e lombar, além das raízes dos nervos que estão no espaço aracnóide. “Quando a inflamação vai avançando, pode gerar uma cicatriz chamada de fibrose, que pode comprimir tanto a medula quanto os nervos ali localizados. A depender de onde há a compressão pela fibrose/inflamação, pode haver sintomas como dor, formigamento, ardência e perda de força, que pode ser nos membros ou até em musculatura respiratória, por exemplo”, explica. 

Ainda de acordo com o professor, a aracnoidite segue a mesma dinâmica das doenças autoimunes, ou seja, geralmente surge em pacientes que tenham predisposição genética e que são expostos a algum “gatilho”, que pode ser uma infecção viral ou bacteriana, um trauma ou procedimento na coluna, como a anestesia. Em paralelo, podem se manifestar também outras doenças autoimunes, a exemplo de vasculites (inflamação de vasos sanguíneos) do sistema nervoso central, colagenoses (como a lúpus) e doenças desmielinizantes, que afetam uma substância responsável pela condução dos estímulos nervosos que emanam do cérebro. 

Em geral, doenças como a aracnoidite podem ser tratadas e curadas se forem detectadas logo no estágio inicial, assim que for identificada. “Antes de tudo, elas necessitam do acompanhamento do especialista assim que os primeiros sintomas surgirem, pois será o especialista responsável por escolher os melhores exames como ressonância ou análise do líquor, por exemplo. É uma doença cuja cura depende do tratamento precoce, pois quando a fibrose evolui de forma mais grave, menos chance tem de recuperar as funções comprometidas”, aponta Denison. 

O professor orienta que as pessoas predispostas geneticamente a doenças raras devem estar atentas a sintomas que não estejam sendo justificados facilmente e, caso isso ocorra, que procurem o atendimento médico especializado. “São doenças que não podem ser evitadas, mas quando tratadas cedo, tem em geral um bom prognóstico”, conclui o reumatologista. 

Asscom | Grupo Tiradentes

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