De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil desperdiça cerca de 46 milhões de toneladas de alimentos por ano, o que representa quase um terço de toda a produção nacional. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), o Brasil é o 10º país do mundo que mais desperdiça comida. Ainda conforme dados da ONU, cerca de 60% dos alimentos são jogados fora nas residências. Para evitar isso, vários hábitos do dia a dia podem ser modificados.
Mudança de comportamento
O planejamento das compras é o primeiro passo para evitar o desperdício, como aponta a Profª Dra. Viviane Santos, docente do curso de Nutrição do Centro Universitário Tiradentes (Unit-PE) — localizado na Imbiribeira, ao lado do Geraldão. Ela recomenda evitar comprar produtos in natura, como frutas e hortaliças, em grandes quantidades. “Fazer as compras desses alimentos por semana e no volume proporcional às refeições planejadas para cada semana seria uma boa estratégia para evitar desperdício”, aconselha.
A higienização de frutas e verduras também é uma outra estratégia para evitar jogar comida fora. Com os alimentos limpos, eles duram mais tempo, diminuindo o risco de estragarem. “Ao chegar das compras, pode-se submeter esses alimentos a uma lavagem para retirar as sujeiras superficiais”, indica Viviane. Em seguida, os alimentos devem ficar imersos em uma solução clorada, com um litro de água para cada duas colheres de sopa de água sanitária ou de solução de hipoclorito de sódio a 1%. Depois de 15 minutos, é necessário enxaguar em água corrente e armazenar os alimentos em refrigeração, em recipientes limpos e com tampa.
“Também vale reservar um dia para o preparo das refeições da semana, dividir em porções e congelar esses alimentos de uma vez só, assim as refeições são preparadas na quantidade planejada e os alimentos adquiridos para a semana são utilizados, evitando-se o desperdício”, complementa Viviane. Mas, caso ainda haja sobras, é possível aproveitá-las. Desde que as refeições tenham sido preparadas e mantidas em condições seguras até o preparo, podem ser usadas em receitas como suflês, risotos, molhos, sopas, bolinhos, e até mesmo pudins, torradas e bolos.
Aproveitando o que iria para o lixo
Até mesmo cascas de frutas, sementes, folhas e talos, que normalmente são desprezados, podem ser reaproveitados, segundo Viviane. “Essas partes dos vegetais que consumimos apresentam diversos nutrientes, contribuindo para uma alimentação equilibrada e nutritiva”, defende. Como exemplo, ela cita a casca da batata doce, que contém fibras, sais minerais e vitaminas A e C, que atuam como antioxidantes. Já talos de hortaliças, como agrião, beterraba, brócolis e salsa, são ricos em ferro, cálcio e vitamina C. Por fim, as sementes de jerimum são fontes de fibras, gorduras boas, como ômega-3 e ômega-6, minerais e vitaminas A, C e E.
Alternativas
Para aproveitar essas partes dos vegetais que seriam jogadas fora, a nutricionista sugere algumas receitas. “As cascas e entrecascas de frutas podem ser incorporadas nas preparações, cascas de mamão, tangerina e maracujá na elaboração de geleias, doces, ou de laranja, tangerina, abacaxi no preparo de sucos. Já cascas, sementes, talos e folhas de hortaliças são bastantes utilizadas no preparo de purês, patês, caldos e sopas e de recheios para tortas, empadões, farofas ou até mesmo sucos e refrescos”, exemplifica Viviane.