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Algoritmo rastreia comportamento na internet e direciona conteúdos

Acessar um site, clicar um botão, curtir uma postagem, passar determinado tempo vendo uma informação deixa rastros e revela o comportamento e interesses do internauta. São informações preciosas, que são mapeadas e, com base nelas, são direcionados conteúdos e criadas experiências personalizadas

às 12h59
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Nunca se viu e pesquisou tanto como nos dias atuais. Buscas no Google, criação de novas redes sociais e compras online. Todas essas ferramentas fazem parte do cotidiano da população. O que muita gente ainda não sabe é que tem uma ferramenta por trás do meio virtual que vê e percebe tudo. É o tal algoritmo, que segue os passos digitais do internauta cada vez que se entra em um site, clica em um botão, curte uma postagem ou fica determinado tempo visualizando um conteúdo. 

Essa base de dados norteia ações ao mercado para conseguir alcançar e conquistar o consumidor, com base na experiência, padrões de comportamento e interesses do usuário. Ou seja: rastreando essa movimentação no mundo digital, o algoritmo direciona conteúdos e proporciona experiências personalizadas aos seus usuários. Segundo dados divulgados em 2016 pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), robôs investidores programados para reagir instantaneamente são responsáveis por mais de 40% das decisões de compra e venda no mercado de ações no país – nos Estados Unidos chegou a 70%.

Para o professor da Unit-PE e também especialista em dados e computação, Aldo Moura, a experiência do usuário é um termo que está amplamente ligado a tecnologias digitais. E reflete o sentimento que um usuário tem ao interagir com um site ou aplicativo, por exemplo. 

Diversos segmentos já estão realizando pesquisas e estratégias com base no algoritmo. Em um artigo publicado em 2015, no periódico ACM Transactions on Management Information Systems, o engenheiro eletrônico mexicano Carlos Gomez-Uribe explicou o funcionamento de alguns algoritmos desenvolvidos pela Netflix, que fazem ranking personalizados de séries e filmes, de acordo com o gosto de cada usuário e os conteúdos assistidos. O resultado? Foi sucesso geral: muitas pessoas preferem dicas e listas pré-definidas, já que é uma garantia de tecnologia e de preferência individual.

O funcionamento

Para o mecanismo de um algoritmo começar a agir e funcionar, é preciso pensar primeiro em sua construção. Inicialmente, é definido o objetivo dele, sua sequência de passos e, para finalizar, a solução – que é traduzida em linguagem e comandos de programação. Ele pode ser feito por cientistas da área da computação, trabalhadores com algum objetivo no meio e programadores.

“O mecanismo de um algoritmo é representado pelos elementos Entrada, Processamento e Saída. Basicamente, os passos de um algoritmo operam sobre entrada (input) de dados para gerar a saída (output) desejada – cumprimento do objetivo. Para que entrada seja transformada na saída desejada, passos são definidos de acordo com as regras do negócio em questão, o que chamamos de processamento. Por exemplo: Se o objetivo é saber se um anúncio em uma página da internet está gerando aderência dos usuários, podemos elaborar um algoritmo que fique responsável por contar sempre que algum usuário clique no anúncio (regra). A entrada é um clique, o processamento é o acréscimo de uma unidade a um contador de cliques e a saída é o número armazenado no contador de cliques, que representa o total de cliques no anúncio”, salientou o professor.

Benefícios e futuro

Para o futuro no meio digital, o algoritmo ajuda e ainda irá beneficiar muita gente. Não só os usuários, mas também os responsáveis por gerenciar redes sociais, lojas, comércios online e sites. “No contexto do marketing, as empresas que o utilizarem vão promover uma melhor experiência ao usuário, com serviços e ofertas de produtos personalizados. Como consequência, tem a atração da atenção, ampliação da comunicação, aumento de vendas e reconhecimento da marca”, afirmou Aldo.

Para quem sente medo, ou até se considera influenciado pelos algoritmos, o professor explica que, mesmo com tendência a compor uma comunicação publicitária, o objetivo da ferramenta é garantir o serviço individual de cada pessoa. “Em alguns usuários essa utilização pode provocar satisfação por ter um conteúdo personalizado para atender a seus gostos e necessidades. Em outros, pode provocar insatisfação por se sentirem perseguidos ou vigilados, causando uma ação negativa”, conta Aldo. 

Escolha

Mas o usuário tem o poder de escolha sobre uma ação de sugestão ou provocação, fazendo com que o termo manipulação não se aplique corretamente a essa realidade. “Esse poder de escolha é ampliado na medida em que os usuários se tornam digitalmente mais conscientes, principalmente após as recentes mudanças na lei de proteção de dados em que este tem o poder de aceitar ou não que seus dados sejam retidos e o que as empresas podem fazer com eles”, finalizou.

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