“Eu Vi o Mundo… Ele Começava no Recife” é o título da obra mais emblemática de Cícero Dias, um dos pintores mais importantes do período modernista do Brasil. Nascido em Engenho Jundiá, na cidade de Escada, zona da Mata de Pernambuco, iniciou seus estudos em desenho e pintura ainda em sua cidade natal. Com treze anos, Cícero foi levado para o Rio de Janeiro, onde foi aluno interno do Mosteiro de São Bento.
Cronologia e contribuição para o Modernismo
Em 1925, ingressou nos cursos de Arquitetura e Pintura da Escola Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro. No entanto, o artista não concluiu os cursos, alegando que a escola o impedia de experimentar novos caminhos para além da arte tradicional. Ainda em 1925, Cícero iniciou seu contato com os grupos modernistas. Em 1928, a primeira exposição individual do autor foi realizada. Em 1929, colaborou com a revista Antropofagia, que tinha como objetivo divulgar os ideais modernistas, que viriam a ser lançados oficialmente durante a Semana de Arte Moderna de 1922.
Essa primeira fase do autor rendeu obras icônicas, como “Porto” (1930). Em 1931, Cícero Dias realizou uma exposição no Salão Revolucionário da Escola de Belas Artes, onde expôs o polêmico painel de 15,5 metros de largura por 2 metros de altura, pintado entre 1926 e 1929, “Eu Vi o Mundo… Ele Começava no Recife”. A obra, típica do modernismo, causou escândalo pelo tamanho, pelas imagens oníricas e pelos personagens nus. Agressores cortaram a parte chamada “Mulheres Nuas e Ação” e o painel perdeu três metros. A obra marcou seu ingresso, definitivo, na vanguarda modernista do país.
Trajetória marcante
Além de sua contribuição para o Modernismo, Cícero trabalhou como ilustrador para Gilberto Freyre, foi amigo de Picasso, e escreveu um livro sobre sua trajetória artística, intitulado “Uma Vida Pela Pintura”. No ano 2000, Cícero Dias inaugurou uma “Rosa-dos-Ventos”, estilizada, estampada no chão da Praça do Marco Zero, cartão postal do Recife. A trajetória do pintor é marcada por obras atemporais e o solidificam como um dos principais artistas locais e do Brasil, rendendo homenagens até os dias atuais.