Segundo dados de 2021 da Confederação Brasileira de Empresas Juniores (Brasil Júnior), 64% dos estudantes de ensino superior acreditam ter uma postura empreendedora. Abrir o próprio negócio ainda na graduação não só é possível, como também pode trazer vários benefícios, tanto acadêmicos e profissionais como para o futuro do estudante. No Centro Universitário Tiradentes (Unit-PE) — localizado na Imbiribeira, ao lado do Geraldão —, há casos de alunos que empreenderam durante o curso, usando os conhecimentos da graduação e colhendo vários frutos.
Abrindo o próprio negócio
Embora mais da metade dos universitários brasileiros acredite ter postura empreendedora, apenas 4 em cada 10 de fato pretende abrir uma empresa em algum momento da vida, de acordo com o Brasil Júnior. Esse foi o caso de Katharyne Silva, estudante do 5º período de Administração da Unit-PE. Com dificuldades para conseguir um emprego de carteira assinada, a aluna viu no empreendedorismo uma forma de conquistar a própria independência. “Acredito que, hoje em dia, recorrer ao empreendimento é uma forma muito inteligente de conseguir seu dinheiro e se organizar financeiramente”, avalia.
O Prof. M.e. Edgard Leonardo, economista e coordenador do curso de Administração da Unit-PE, conta que, na instituição, muitos estudantes de diversas áreas decidiram abrir o próprio negócio. “São alunos que buscam formas de viabilizar o financiamento do seu curso e melhorar a qualidade de vida”, afirma. Foi pensando nisso que Katharyne aproveitou sua habilidade com brigadeiros para empreender. “A ideia inicial era vender algo rápido e prático. Busquei um produto que o público estivesse mais em cima, um ponto de venda em que uma grande quantidade saísse rápido e, no final, decidi vender caixinhas de quatro brigadeiros sortidos”, relata a estudante.
O empreendimento de Katharyne, que já tem quase um ano e meio, teve um aumento considerável nesse tempo de funcionamento. “No começo, vendia 20 caixinhas, que me rendiam em torno de 200 a 240 reais, em 2 horas. Hoje, em 4 a 5 horas, eu consigo vender 80 caixinhas, faturando de 800 a 960 reais”, declara. “No momento, as vendas estão funcionando da seguinte forma: recebemos encomendas para festas (apenas doces) e também deixamos umas caixinhas nossas em um quiosque. Nossos planos para o futuro são deixar a venda de doces direta e começar a vender pelo dropshipping. Testamos algumas vezes e funcionou, em vendas em que o cansaço mental e físico é bem menor”, completa.
Benefícios
Do ponto de vista acadêmico, Edgard destaca diversos pontos positivos relacionados ao aprendizado e ao desenvolvimento de habilidades. “A prática do empreendedorismo exige a aplicação de conhecimentos teóricos, como gestão, marketing e finanças, em situações reais. Ao colocar suas ideias em prática, você aprende de forma mais rápida e eficaz do que apenas estudando teorias”, considera. O economista também ressalta o aumento na autoconfiança e visão do mercado de trabalho. “Você aprende a identificar tendências, a inovar e a se adaptar às mudanças”, pontua.
Por isso, o professor defende que a experiência de empreender ainda durante a graduação pode trazer um bom preparo para o futuro profissional, fora do ambiente acadêmico. “Ao empreender na faculdade, você estará mais preparado para os desafios do mercado de trabalho e terá mais chances de sucesso em sua carreira profissional”, diz. Edgard também reforça os benefícios financeiros que essa vivência pode proporcionar. “Empreender durante a faculdade pode ser uma forma de gerar renda extra e até mesmo de financiar seus estudos”, complementa.
Dicas
Os conhecimentos adquiridos na graduação também podem ser muito úteis para abrir o próprio negócio, segundo Edgard. “Identifique disciplinas relevantes, construa uma rede de relacionamentos, com professores e colegas, e teste ferramentas e metodologias”, aconselha. “Aproveite para aprender ainda mais e busque aplicar os conhecimentos teóricos, principalmente porque estará perto dos professores, para buscar a melhor aplicação das teorias. Eles nunca vão se recusar a aconselhar você. Porém, estabeleça prioridades, nem sempre será possível dar atenção a todos os seus projetos ao mesmo tempo”, indica.
Conhecimentos da graduação
Katharyne acredita que, sem o curso de Administração, não teria conseguido empreender. “Eu nunca teria pensado em um local específico ou em demanda de mercado, pois não eram assuntos do meu dia a dia, então meu empreendimento iria por água abaixo. Várias bases da Administração me ajudaram a chegar onde estou, e projetos de disciplinas deixaram nosso conhecimento da parte teórica muito mais apurado. Sem esse curso, possivelmente eu não teria uma visão mais madura e detalhada de como funciona o mercado de trabalho”, acrescenta.